" ESCREVER É PRECISO "

sábado, 4 de abril de 2020

POESOFIA

VOCABULÁRIO INDÍGENA


Ocara – Wikipédia, a enciclopédia livre



Anauê! Salve! Salve! Anauê!
Brasil de Pindorama Tupi-Guarani.
Das ribanceiras às cachoeiras
segue a paisagem da cabeceira,
além do Ipiranga.
Yara, mãe d'água, sustenta as margens do rio
como maromba impedindo as enchentes.
Tupã, o grande Espírito,
recebe a magia na defumação do Xamã,
no ritual de Kuarup,
na dança capoeira de Maculelê,
no ritmo de chocalho e de maracá,
entre pajé e cacique,
combatendo o diabo velho Anhanguera,
que atazana a taba e toda maloca.
O cenário brilha com o sol Guaraci e a lua Jaci,
revitalizando a piracema
e os flutuantes aguapés.
As seringueiras esticam ao céu para um cafuné
cobrindo o capim e os cupins.
O mato de Caipora capenga
forma todo o roçado.
E no meio da brenha caipira
surge um sítio escuro lá na caatinga
e outro lá no cafundó cheio de carrapicho,
cacto, jurubeba, cajá e caju,
piaçava, cuia, cumbuca, cipó e babaçu,
itá-pedra, açaí, macaúba e urucum,
cana caiana, abacaxi, aluá e jerimum,
cacau, canjica, tapioca e beiju,
sopa de tacacá, macaxeira ou aipim,
farinha de mandioca, fubá, tudo enfim.
Mas depois das navegações
descrita na história como a de Iracema,
com tanto nhenhennhém e lengalenga...
O barco gaiola e a caçoeira  sumiram no arrastão,
assim, foi todo o barracão
enrolado como emboá,
levando palafitas como canoa para o sertão.
Foi como uma arapuca pra curió e araponga
que pega tatupeba,
jaçanã, arara, socó, sabiá e saguim.
E os colonizadores como saúvas, muriçocas e catapora,
tangeram o boi-bumbá, cascavel, cará e siri...
E por cutucar o cabocloguri, xará, cunhatã e curumim,
 fazendo como caçuá e peteca,
servindo-se das calungas e cunhãs...
Eis que ressoou no ar uma toada como cuíca 
na resistência do mutirão indígena,
dos povos nativos, originparios da terra,
que resistiram até o fim, sem pra tudo dizer sim,
ou o awerê, o amém em latim. 
Salve! Salve! Anauê! Anauê!

(Julho/2013)


Nenhum comentário:

Postar um comentário