CRÔNICAS VIVIDAS
1 - CRÔNICA DOS DIAS TECNOLÓGICOS
O dia amanheceu com uma mensagem no
celular. Tratava-se de uma multa aplicada pelo Detran. Mais sete pontos na
carteira. Vi que podia reconhecer o real infrator. Sim, a multa era por excesso
de velocidade. Mas era de uma moto que havia vendido, que foi para terceiro,
para a quarta pessoa, e que não
tinha feito a transferência.
De imediato, liguei para o real
condutor e fui imperativo em resolver logo a transferência da moto pelo
aplicativo da carteira digital de trânsito. Tentei por duas semanas fazer a biometria
facial pelo aplicativo e quando conseguia, tinha que assinar pela conta gov.br.
Foi aí que o bicho pegou. Travava todas às vezes. Não abria. Não consegui
assinar. Fui para a terceira semana. Dessa vez, fui até o Detran. Lá, tentaram
continuar pelo aplicativo para fazer a transferência da moto. Foi em vão. A
funcionária do Detran tentou abrir o aplicativo por outro celular, mas, não deu
certo.
Disseram para eu assinar um
requerimento para cancelar o que havia começado pelo aplicativo, que era a intenção
de venda. Fiz. Depois disso, fui ao cartório, tirei uma senha, esperei, fui
chamando, sentei, e quando viram a minha carteira nacional de habilitação
(CNH), não aceitaram, alegando que a assinatura na carreira emitida pelo Detran
era ilegível. Pode?
O atendente disse para eu ir ao Detran
e resolver isso. Falei que a CNH é um documento oficial do Detran e era para
ser reconhecido. Sugeri também que nas reuniões com os funcionários, tratassem
desse assunto junto ao Detran, para não ter outro transtorno como esse. Voltei
ao Detran. Expliquei a situação, mas ouvi a simples resposta: vá para outro
cartório.
Já era tarde. O dia chegava ao fim. Fui
para casa. Noutro dia, fui a outro cartório e deu tudo certo. Veja só! Deu vontade de voltar ao primeiro cartório e
mostrar como foi simples e reconhecido o mesmo documento que mostrei.
Lembrei que o aplicativo da carteira
digital de trânsito (CDT) ainda não funcionava no meu celular. A conta gov.br não abria. Tinha
que resolver. Busquei informações, conversei com várias pessoas sobre esse
problema, pesquisei no Google… Enfim, terminei enviando e-mail para o Departamento Estadual de Trânsito (Detran),
Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro),
até que recebi a informação que tinha que entrar no site do Ministério dos Transportes e falar virtualmente
com um secretário eletrônico chamado Mauá. Tudo em vão. Liguei
para um número do portal gov.br que pesquisei pelo Google e disseram para eu
enviar mensagem por um chat (que chato), um atendimento ao cliente do próprio
portal gov.br. Olha que burocracia. Fiz isso. E fiquei aguardando
uma solução. Depois percebi que o caso era pelo portal do gov.br/atendimento,
através do chat Falar com Atendente e
entrar em Assistente gov.br para escrever
a solicitação desejada.
Enquanto isso, lembrei que tinha que
autorizar um exame de laringoscopia no Instituto de Previdência do Município de
Fortaleza (IPM). Tudo era distante e tive
que deixar o local de trabalho para resolver isso. Chegando ao IPM, deparei com uma multidão tentando marcar
seus exames. Ao me aproximar do guichê, fui abordado com a notícia: o sistema
está fora do ar desde onze horas. Já eram duas da tarde. Não pensei duas vezes,
dei meia volta e fui direto para a clínica, assim eu marcava sem problemas.
Fui até a clínica, e não era perto. Chegando lá, falei
com a atendente. Ela pediu minha carteira de servidor público e digitou algumas anotações. Pediu para eu colocar
a digital no sensor de impressão ou leitor biométrico. Coloquei a digital do
indicador direito. Num instante, a moça disse: seu exame só poderá ser
autorizado daqui a dois meses. Pelo amor de Deus! Como pode tanto trabalho para
nada. Arfei.
Fiquei com aquela mensagem do celular
na cabeça, da multa de velocidade, da transferência irresoluta do veículo, da
pendência da conta gov.br que não abria, e ainda aguardando informações da Assistente gov.br.
Cansado de
tudo isso, sabendo que teria que resolver cada ponto, saí em direção de volta ao
trabalho para continuar a vida que não para de se reinventar.
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