POESIA COM ESPIRITUALIDADE
"A espiritualidade é apenas uma. (...) é para os que estão despertos. (...) é causa de União (...) se ocupa com o Ser.". (Teilhard de Chardin).
"Ciência, Filosofia e Religião convergem necessariamente nas vizinhaças do Todo. Convergem, digo bem; mas sem se confudirem, e sem deixarem, até o fim, de abordar o Real sob ângulos e planos diferentes.". "Ser mais é unir-se cada vez mais.". (O Fenômeno Humano. T. de Chardin. São Paulo: Cultrix, 1986, pp. 19 e 25).
“Sua história, poesia e trajetória de vida me levam a acreditar que apesar desses dias inglórios os que estarão aqui depois da gente saberão agir de uma forma tal que não cometerão os erros que a gente infalivelmente comete. Você é pra mim uma referência no movimento, na poesia e na vida. Não exemplo, não se trata disso, é um pensador, filósofo que tem o dom da poesia e a síntese de quem parece que conhece a linha de chegada da luta... Um abraço.”. (Augusto Cesar Tavares).
Augusto, sua vida com toda literatura inerente e a criatividade que tem de recriar a própria vida, também me faz repensar pelo seu pensamento, mesmo sabendo que passamos, mas deixamos marcas históricas em nossa categoria de quem ensina e aprende, sempre na luta em sala de aula, entre amigos, semeando amizade com gente que aponta e nos diz: Professor! Sua vontade se junta a de muitos que têm o sonho acordado no coletivo pela dignidade. Pela poesia voamos alto com discernimento, a partir dos mais vulneráveis. Paz e bem! (Jonas Serafim).
1 - PRÓLOGO DE UMA TEO-BIOGRAFIA
Da teogonia do
Caos - a Gaia e o Eros
a teo-poesia líquida do ar
o ponto supremo de
atração solar
entre a ciência e a
espiritualidade
e na minha teo-biografia de vida
converge no que transvejo
na teo-física da espirito-sofia
no infinto abscôndito
entre o homo sapiens e o homo demens
no enconro do Logos com a Terra
relutante ser de sentido
itinerante entre tantos animais
num ecossistema finito
que clama ecoeficiência.
(Janeiro/2023)
2 - UNIDADE DIVINA
Tudo é a Unidade
O nada não existe
O vazio não existe
O Todo é o que existe na Unidade
Somos células da Unidade Divina.
(Marco/2023)
3 - CAUSA IMATERIAL
Desde cedo nos apegamos ao corpo
como criança somos sementes em tese
crescemos juntos com o pensar do germe
evoluímos num complexo composto.
Da carne que somos, transcendemos
ressurgimos emergindo no tempo
passamos como passa o vento
vivemos como sementes perenes.
Do apego para o desprendimento
com o desejo imaterial
eleva-se o pensamento.
Do extranatural conexo ao afeto
pela serenidade empática
expande-se o ânimo.
(Março/23)
4 - VIDA CONCEBIDA
Pela consciência aceitamos
a nossa vida concebida
com a liberdade.
Pelo sentimento olhamos
e alcançamos as estrelas
molhando os pés na praia.
Pelo que somos
pensamos
e transcendemos.
(Março/2023)
5 - VIVER É UM ATO
POLÍTICO
Viver é um ato político.
A vida é uma realidade dinâmica
repleta de desafios
no seu precurso histórico.
Muitos não têm onde reclinar a cabeça
ou o próprio chão onde pisa como
acolhimento.
Somos o que somos a cada dia,
na resistência e na luta
de um novo amanhecer
possível de fraternidade.
(Abril/2023)
6 - CHEGA UM TEMPO
Chega um tempo em que você aprende
A
amar diferente, pensar dissemelhante,
Falar
moderadamente
Agir
com mais cautela.
Chega
um tempo em que o cansaço
Se
refaz e torna-se revigorado,
A
leveza desperta veloz
O
silêncio explode em sabedoria.
Chega
um tempo em que se reflete profundamente
Caminha
livre sem querer chegar
Chega
no limite e continua a caminhar.
Chega
um tempo em que tudo está consumado
O
tempo não conta na convergência da Natureza
O Universo nos absorve em sua totalidade
(Maio/23)
7 - O SER HUMANO
É TEMPO-ESPAÇO
Escrevo o que me fortalece e eterniza
no tempo-espaço do ser humano que sou,
ocupando-me na dimensão tridimensional,
útero-terra-transcendência.
O ser humano é tempo-espaço, meta-físico,
contração e mistério,
vida e fé,
ágape.
Experiência vivenciada, sentida agora,
sentimento partilhado,
esperança,
essência.
Transito numa linha elástica e sutil
com profundidade,
repleto,
inteiro.
(Maio/23)
8 - FÉ
O sentimento é
vulcão que explode.
O pensamento respira
explosão.
Eu penso e respiro
uma causa coletiva.
Sou enfático demais
nas expressões.
Do âmago escorre o
magma fundante,
o sentido da essência
humana.
Nada de
bibliolatria.
Motivação: fé.
(Maio/23)
9 - CORAGEM
A estrada não tem fim.
Vá! Pode seguir em frente.
Coragem! Ânimo!
Tome a dicisão certa
E ouse caminhar sem medo.
No meio do caminho da vida
acontecem coisas estranhas.
Às vezes, as pessoas
não percebem
o tamanho do ponto inicial de um caos
que começa no percurso da vida.
É preciso coragem para enfrentar seu ego.
Ouse desconstruir o conhecido
com bravura e destemor.
Afoite-se! Encorage-se!
Atreva com proeza e confiança.
(Junho/23)
10 - UM PONTO
Um ponto central começa a crescer
e marca com um sinal cruzado
com mais um ícone transversal
formando um pequeno círculo
dentro da imagem tridimensional
inversamente proporcional
entre os pontos cardeais
tudo envolto a um grande círculo.
(Junho/23)
11 - ÁTOMOS TRANSCENDENTAIS
Tem tanto conhecimento
que a gente tem que aprender.
E não temos tempo suficiente
para aprender tanta coisa.
Não vamos aprender todo conhecimento.
Existe um universo todo dentro de um átomo,
não damos conta de saber a sua totalidade.
Levamos conosco todo o sentimento
e algo de nós fica presente no universo.
Somos átomos transcendentais
como luz ardente em chamas.
Assim, estamos no universo terreno,
como o oceano é outro universo na Terra,
no multiverso estamos como um ponto.
No nosso mundo
a democracia é a arte da política.
Na imensidão da transcendência
a espiritualidade é a essência da humanidade.
Na micro vida vibra energia quântica,
inteligência, consciência e sentido.
Na essência do ser, a fonte insaciável
da sublimidade e da plenitude.
Como partículas subatômicas inter-relacionamos, ondulamos.
Sentimos a grandeza no invisível, ritualizamos,
refletimos na conectividade da ação holística.
Por crer, criamos. Revelamos. Eternizamos.
Somos luzes sensíveis, atraídas, cientes.
Somos pensamento vivos de uma gota infinita.
Na infinitude percebemos a magnitude.
(Julho/23)
12 - VIDA RESISTENTE
Vida resistente.
És forte, firme e bela,
admiravelmente consagrada,
inigualável, única para ser plena.
Vida integralmente,
patrona, ampla e soberana,
acolhedora de todo ecossistema,
abençoada, iluminada, inspiradora,
matriz de sabedoria e maestria,
ensina a todos a viver na amizade,
ensina no seu tempo esperançoso,
ser ousado e corajoso,
ser íntegro e amoroso.
ser melhor na convivência.
A vida não é um luto.
É luta que reluta todo dia,
caminha na estrada construindo,
edificando a casa humanamente.
Vida viva vivente.
É construtora em busca de paz.
Existe sendo criativa.
Compartilha a boa semente.
Princípio da bela amizade.
Itinerante sempre em missão
sobre tensões sociais.
Essência da existência em evolução,
fundante, ecumênica e sincrética,
itinerante para o horizonte pleno.
(Julho/23)
13 - CÉU E TERRA
Céu e Terra
sagrada relação
alimenta e sustenta
descansa no Universo
com todo cuidado
revigora a vida
com sentido e direção
para a finalidade cósmica
superando adversidade
com firmeza e confiança
permanente na esperança
da relação consagrada
em abundância
e ação para o bem
cumprindo a promessa
da eternidade.
(Julho/23)
14 - A PEDRA
A pedra no caminho expressa sentimento.
É algo enfático de sentido.
Não é qualquer coisa.
É princípio de tudo.
É semente de vida.
Flor pensante do vulcão.
É um acontecimento inesquecível.
É peso, leveza, firmeza, energia, segredo.
É matéria construtora.
Corpo primitivo.
É cálculo da natureza insistente no tempo.
Pedaço de minério da planta animal.
Camada terrestre contemplativa no universo.
Composição química sagrada.
Poeira.
Lápide.
Ânimo imanente relevante da fé,
reconhece-me neste corpo,
na matéria natural,
nos seres existentes,
refaz-me renovo em Ágape,
como oferenda para viver,
no Ethos e no Eros,
na vibração de um mantra,
na dimensão imaginária,
na pele ecológica terrena,
sendo essência do oráculo,
no caminho transcendental,
na relação do esquilibrio,
na razão do coração.
(Agosto/23)
17 - INIMIGO
O inimigo é dissimulado
tem muita criatividade
envolve-se com calúnia
provoca toda maldade
é o grande adversário
criador da falsidade.
O inimigo é um tentador
é um gênio da opressão
intimida, desune, mata,
rouba e causa destruição.
Conhecido por coisa-ruim
desde o tempo da Criação.
O inimigo é traiçoeiro
e aflige com escravidão,
é nocivo para sociedade.
causador de toda opressão,
é a mentira e não a verdade,
Não é benção, é maldição.
Mosteiro, mistério, me sinto
Profundo, encoberto, admirável.
Meditante pelo claustro áfono,
Extático na mística do encanto.
Templo enigmático teísta
No alto da serra, o púlpito,
Proclama o canto das aves
Arrebata-me cúltico e eleva.
Santuário que abriga ritos
Revela relíquias, unge em silêncio
Acolhe-nos com inspiração.
Imagem semblântica da fé
Que abriga o ser pensante
E extasia a mente em devoção.
(Mosteiro dos Jesuitas - 27/08/2023)
19 - MEDITAÇÃO
Esperançoso
Gratificante
Fortalecendo-me.
Reflexivo
Transcendente
Refaço-me
Pensativo.
Relacionando-me
Convivendo
Aprendo.
Concentracão
Humanizando
Meditação.
(Set/23)
20 - COMO SABER QUEM SOU
Como saber quem sou
Sem ao menos me conhecer?
Se observo no outro tantos detalhes
e muito menos em mim?
A vida oferece escolha
Que a gente às vezes deixa na ilusão
Enquanto o tempo vai passando
Vive-se bem menos sem ter decisão.
O passado já ensinou bastante
Nos caminhos amargos e com muita dor
Mas a esperança que nos fortalece
Faz-nos resistentes e com mais fervor.
Nossa história sempre nos ensina
Que entre a guerra e a paz temos esperança
E unidos na luta da vida
Seremos honrados pela confiança.
Só podemos saber quem somos
Sabendo de si pela união.
O saber que se faz unido
Une toda força na revolução.
(Set/23)
21 - VEJO
Vejo distante no horizonte
O espaço da vida crepuscular,
Um caminho infinito e escrito,
Um oásis entre as nuvens,
Um riacho de estrelas,
No brilho do sol sobre a trilha riscada no mar.
Vejo além as imagens transcendentais
Nos limites da admiração que revela sentido
A vida, a beleza, o saber, a poesia...
A fronteira e as possibilidades
O amanhecer na travessia que inspira o ser.
O encantamento da vida brilha no ar
Renasce em nossos inventos
Engrandece os instantes e os momentos
Em nossas pequenas atitudes.
Vejo a revelação da história no ciclo da vida
No curso da existência e no limite
No conhecimento que não se pode saber
Na idade do eterno cósmico, é o sinal.
Vejo pessoas morrendo entre as guerras
Sem horizonte de ver um novo amanhã.
E a paz tão sonhada entre as nações
São desenhos utópicos de um cenário
Nos olhos das crianças que acenam um novo olhar.
(Setembro/2023)
22 - A BUSCA
Busco em mim uma revelação
A vida que respiro
Entre as contradições
A finalidade.
Encontro-me sempre em mim mesmo
Na finidade do meu ser
Saio de mim à procura do sujeito que sou
Externo-me na convivência.
Revelo-me em mim e em coro
Comigo está meu eu desconhecido
Dentro de minha essência, a luz.
A semente de uma árvore frutífera.
Sou o sentido além da existência
O começo estendido nos confins
A descoberta do sentimento
A busca incessante do meu ser.
(Setembro/2023l
23 - SONHO PLANETÁRIO
Sonho com um mundo possível
Saciado de pão e de paz
Sem guerra e sem violência
Com gente amável e vivaz
Amantes da vida e da poesia
Com amizades verdadeiras
Criativas e confraternas
Solidárias e companheiras
Um sonho planetário
Ecológico, livre, sem fronteiras.
(Setembro/2023)
24 - VOX ET LEX
"Cogito, ergo sum" et sentio.
Salutatio!
Corpus meum,
lux veritatis,
semper fidelis,
honoris causa,
vita reali,
in vita populi,
in vita Dei.
Hic vox et lex:
Fraternitas et iustitia socialis
cun bona fide,
cun caritate et benignitate.
Pax et bonum!
(Setembro/2023)
25 - CORES
Branca verdade da paz
unida a igualdade lilás
com o azul celeste da sabedoria
envolve-se no verde florestal da esperança
no amarelo da criatividade
e na alegria das lanranjas
encontra-se a vermelhidão do amor
e com a síntese do preto da elegância e do respeito.
(Setembro/2023)
26 - CASULO
Casulo
Guarda-me na tua esperança.
Cuida e Protege a vida.
Envolve-me em tua beleza.
Que neste invólucro eu reconstrua meu ser.
(Setembro/2023)
27 - VOZ ECOANTE
* Sou o ar e o líquido da terra ensolarada,
sou sem ser silêncio, sendo uma voz ecoante
com outras vozes na praça.
* Sou o corpo que pergunta, fala e sente.
Sou uma música ou uma pequena semente
vociferando no meio de muita gente.
* Tenho um tempo para o mundo que não é só para mim,
vou aprendendo com as pessoas,
com os livros, com a natureza,
e penso como ser melhor
convivendo com as indiferenças,
tantas crenças,
e com tantas falácias.
* Minha voz presa e sufocada
quer falar o amor maior,
quer dizer o sentimento de ser livre, ter a voz e a vez,
ir além do trivial.
* Escrevo os poemas independentes e fora dos padrões,
versos livres com língua afiada sobre o que escuto,
e ouvindo os desabafos,
ouso dizer que se muda quando aprende,
e aprende quando ensina.
* Sei que o pensamento faz o corpo sentir
e falar com o Sagrado
é falar consigo mesmo.
Viver de fato não é só existir.
Viver faz pensar.
O corpo me pergunta.
* Sou o hálito profundo da minha existência
sem levar nada.
Não tire de mim a cor do som.
Eu sou meu próprio alento.
* Depois do fôlego
ainda existe vida, acredite.
Não morre a última palavra
que respira aos quatro ventos na imensidão
pelo afeto natural.
* Não sou além de um ser humano
e sendo já não sou muito.
Sou um sopro complexo
e nada mais.
(Setembro/2023)
28 - CONTEMPLAÇÃO
A contemplação
no imenso universo
refaz o nosso ser,
reúne ao princípio.
Em adoração
contemplo o que vivo,
reflito numa flor
a presença do espírito.
A nossa Criação,
semente de origem,
em nossa existência,
floresce em nosso ser.
Vivemos como luzes,
com o gosto da matéria,
na Terra sob o sol,
admirando o ocaso.
29 - SENTIDO HUMANO
Meu coração sente uma vontade
brigando com a razão,
escolhe coisas impossíveis imaginando
como simples.
Sinto a sede dos impulsos
entre as pessoas e a minha pele.
O meu espaço é bem amplo na própria
finitude,
e como um grão acolho o teu universo
para uma viagem plena.
Oráculo! Constelações! Ninfas guardiãs!
Vivifica a vida.
Ando no tempo poético
na rotina da realidade que fere,
que me faz repensar, que me sacode pro
alto.
E no tempo perdido escrevo
a canção amante e tento desvelar o
sentido humano.
O mundo não é a gente, se não apenas
enquanto vivemos.
E a essência de nossa vida não é
simplesmente viver.
Somos uma caravana
e o sentido humano estar na passagem de
conviver.
A minha vida transcende o meu espaço
e o pensamento alheio tenta me
julgar
falando coisas ao vento,
mas a boa poesia me inspira para outro
lugar além-mar.
Não tenho como ficar ouvindo pseudos
monólogos.
O que sou consiste em estar sendo no
simples convívio,
no sentido humano de ser sempre bem
melhor,
mas as crueldades, as desigualdades e
injustiças,
me transportam e transformam o meu
grito,
sobre o sentido da vida que foi
transgredido.
O meu viver é dialético,
no que sinto em vida com os outros
sentidos,
vida, terra, sopro…
O tempo cuidará de nós
e o nosso ser desvelará,
na mais forte e bela afeição,
no rosto do sentido humano.
(Setembro/2023)
30 - NADA
Nada, não
amanhece,
não
existe, é vazio de sentido,
não tem
tempo nem espaço.
Onde pode
estar o nada?
Cadê o
nada? Como desfaço?
Nada, não
consta na natureza,
em lugar
nenhum se encontra.
Indefinido,
ausente, invisível.
O não
ser. O inexistente.
Sem
nenhuma localização.
Nada nem
é uma contraposição.
Não se
imagina, nem nada é.
Não se
sabe nem pode saber.
Com os
olhos fechados, oculta visão;
profundo
infinito, imensidão;
algo
possível, uma idéia, ilusão;
mas,
nada, é nada não.
Nada não é
nem mesmo a morte
que é uma
transformação natural.
Nada, nem
é também negação.
Nada, nem
é um simples não. Nada, é nada.
(Outubro/2023)
31 - MÍSTICA E MATÉRIA
Sentindo na carne do meu ser
encontro novas epidermes
em rostos grafados nas ruas
ultrapassando as luzes.
Pensando com a Terra
na longa sobrevivência
unindo mística e matéria
vislumbramos a imanência.
Transcendendo a realidade.
do que sinto, penso e vivo,
vou no caminho da certeza
mesmo sabendo que duvido.
(Setembro/2023)
32 - AUTO NASCIMENTO
Não vou fazer poesia para agradar
ou escrever um livro só por gosto
popular.
No outdoor estava escrito em grafite:
nos arrancam tudo e nos chamam de
contribuintes.
Luto por um mundo possível
sabendo que a luta é de resistência
e nem tudo permanece
e as coisas mudam.
O que você faz e pensa
e sempre te sacia?
Ainda não sabe?
Pois tem gente pensando por você
enquanto dorme.
Das ideias vêm a paz ou a guerra.
Por isso é preciso pensar bem.
E o que temos nas mãos
se ergue junto com a voz.
Às vezes vejo transeuntes alheios,
nas ruas pessoas vulneráveis,
as escolas sem novidade.
A cidade corre e dorme
e repete a mesma rotina
sem sentir o som de si mesma.
Tento inovar o costume,
discernindo os desafios ortodoxos,
enquanto vivo.
O tempo passa muito rápido,
um resto sobrevive,
outros não sei como vivem.
A esperança que também morre
não espera a morte.
A dor está na pele.
O amor é outra forma de dor
que os viventes sentem
e entre a paixão e a razão
todos são sobreviventes.
de uma sobrevida,
um auto nascimento
As nossas vidas não são nossas.
Elas são da Terra.
Não se iludam
com os trabalhos precários.
Não diga que tudo está perdido.
Persevere lutando,
a luta muda a vida.
O caminho nós construímos.
Cada um decide por si mesmo,
não o que passou;
o coletivo marca o porvir.
A virtualidade faz dormir
e a realidade desperta do sono.
Até quando
seremos servos
de uma elite tirana?
Apesar da dor, ame.
Sinta a voz do coração
renascendo como flor,
emergindo do asfalto quente.
Mesmo com a rejeição,
renasça! Ressuscite!
(Outubro/2023)
33 - FERMENTO NA MASSA
Somos como sementes
semeadas na Terra para florescer,
virarmos árvores frutíferas em cada
amanhecer,
e com o passar do tempo vamos
transcender.
Seremos poeira cósmica noutro viver.
A vida cotidiana é cheia de
possibilidades
e o caminho a seguir convida para a
liberdade.
A estrada da vida estende-se ao horizonte
e se expande entre diversos
conhecimentos.
Podemos mudar a realidade de amanhã
O pretérito servirá para ensinar o
coletivo
a saber como seguir nos ventos
impetuosos.
A história que passou será como semente
e como fermento na massa crescerá.
Temos muito o que fazer além da poesia
e a arte vai inspirar a vida.
Como pássaro relutante contra as
gaiolas vis
devemos renascer no novo ser
itinerante,
na práxis de Patativa que canta:
"É melhor escrever errado a coisa
certa
do que escrever certo a coisa
errada"
Assim, o canto da vida terá encanto e
brilho.
(Outubro/2023)
34 - LAPSO
Alheamento ausência confusão
Descuido deslize desvio distração
Engano equívoco erro espaço
Falha falta gafe
Hiato ínterim interrupção intervalo
Lacuna lapso
Parêntese pausa período
Vácuo vírgula
(Outubro/2023)
35 - O TEMPO NÃO VOLTA
O tempo não volta para nos salvar do
espaço
que ocupamos como sementes evolutivas
que rompemos na molécula da matéria
ativa
desgastando-nos no próprio oxigênio
como predadores terrestres
guerreando uns contra os outros.
Desperdiçamos sem noção por conta
egocêntrica,
pensando num status, na arrogância
narcisista,
causando guerras.
A vida não é para ser destruída.
Há uma sobrevida além dos ventos.
(Novembro/2023)
36 - SOBREVIVER
Como o tempo anda com a gente,
encontrei algumas tempestades,
semeei notícias que o vento levou
e as pedras urbanas sufocaram.
O casamento bateu em minha porta
e junto com o trabalho era o meu
estudo.
Estudar veio depois. A luta era
sobreviver.
Sobreviver com luta, leitura, poesia e
fé.
Tantos poemas escritos que fiz e faço
sobre o papel e o chão de sangue da
cidade,
como os versos revolucionário de
Bertolt
e a ousadia das pinturas do amor
de Frida.
Tantos lugares que não conheço e lá
quero chegar
para sentir o ar da paisagem como um
beijo,
enamorar à noite no jardim do corpo,
e tocar o ponto mais sagrado de tudo.
Abraço apertado em cada braço aberto,
em sentimentos indiferentes desejo o
melhor,
apesar da fome e das guerras entre as
nações,
apesar do espírito neoliberal.
O que o tempo me diz senão sobreviver,
e ainda ter que negociar com a elite
que oprime?
Verás que uma professora não foge à
luta
e assim canta Clara Nunes, Rita Lee,
Bethânia, Leci…
Agora um neopentecostalismo patriótico
pregando como parlamentar da nação,
andando com maquineta e Bíblia,
precipitando sobre os afastados.
As famílias levam os dilemas pras
escolas
e os freireanos fazem a interlocução
dialógica.
Enquanto isso o feminicídio e a
homofobia
aumentam, como as queimadas na Amazônia.
(Novembro/2023)
Quando vejo crianças das ruas chorando
lacrimejo no peito o lamento oprimido
por serem esquecidos nos guetos urbanos
e ninguém atende o seu choro e o seu grito.
Quando me vejo entre amigos realizados
celebrando a vida em família com alegria,
reflito em conjunto os conflitos sociais,
mastigo, e tantos sem comer uma bóia fria.
Vejo o tempo passar e muitos passam como vento.
O mal é sempre uma questão mais profunda,
gritante no interior da realidade insana.
Enquanto a paz e a felicidade não chegam
ando também com as plantas que conversam
e nos canteiros entre os carros, versejam.
(Dezembro/2023)
38 - MORO EM MIM
Moro em mim como a Terra na Via Láctea,
enraizado em Pindorama da América do Sul,
vivendo entre urbanos da miscigenação,
compartilhando Instagram.
E nos poucos abraços, um verso triste.
O instante contente, o clímax.
O corpo pede uma sombra, um oásis.
Meu habitat simboliza o mundo
incluindo o céu, o seu, os coletivos.
Em minha morada, oráculo de mim mesmo,
ressurge a utopia da profundidade do eu em nós.
E das raízes de nossa gens nativa,
Márcia Kambeba aclama:
“Os filhos das águas dos Solimões”.
(Dezembro/2023)
Meus pensamentos flutuantes sonham
com a visão estelar cósmica terral,
raciocina a vida como folhas ao
extremo,
frutifica afeto transcendental.
Nosso ser vivente em mística respira,
historifica no mundo um sentido,
evolui e deixa muitos caminhos,
seguindo adiante rumo ao desconhecido.
O mundo criado e reinventado
passa com as vidas vindas e idas,
e vai de forma contínua no infinito,
ininterruptamente reconstruindo.
Além, vai meditante versos,
esvoaçando entre as estrelas,
entre gotas e grãos de areia,
vívidos, translúcidos, retornando ao
princípio.
(Dezembro/2023)
40 - CARNE VEGETAL TERRENA
Uma luz amanheceu em minha vida
e no anoitecer cresci não de repente.
No pulsar dos ciclos solares
algumas metamorfoses.
Para onde vamos?
O caminho que seguimos para onde nos
levará?
Que dimensão encontraremos na
meta-história?
Como e em que portal entraremos?
O que queremos é uma possibilidade.
O mundo é uma passagem.
O sol também é limitado.
O instante vivido é a eternidade.
Como pode existir tanta violência,
guerras, fome, desflorestamento?…
Como não aprender com os animais?
É preciso renascermos humanos.
Por que nascer um coração de pedra?
Não será a vida humana uma porção da
Terra?
O erro desumano está em não ser humano.
Humanize-se! Refloreste-se! Cordialeze!
Não se separe da carne vegetal terrena,
sabendo que o paraíso ilumina no
coração,
e a natureza ensina o caminho a seguir,
realizando o ser em sua grandeza
original.
(Dezembro/2023)
41 - NOVO AMANHÃ
Sou peregrino de um caminho contínuo
onde os passos deixam marcas na rocha
e o agora precisa reconstruir o novo
amanhã.
Quantos já passaram e não viveram
o sentido elevado humanizante,
e o que existe é vital para florescer.
Em cada pessoa uma esperança viva,
em cada casa uma luz para brilhar,
em cada olhar uma história
contemplativa,
e no caminho o reflexo de cada um.
O horizonte nos aponta um sinal
com um canto inovador que questiona:
como será o amanhã dos nossos filhos?
Em cada amanhecer os desafios,
as carências de tantos corações,
as notícias das guerras infindáveis,
mas a vida vencerá!
A união entre as nações é uma utopia,
e ser fraterno e solidário é a saída.
É preciso ir além da imaginação.
É preciso atitude de paz.
O caminho da vida é longo
e cada um faz a sua travessia no seu
tempo
e assim estamos em movimento.
O novo amanhã já começou hoje,
cabe a nós pintar a tela do dia
e o habitat do jardim planetário
de novo amanhecerá.
(Prainha. - Aquiraz. 27 graus.
31/12/2023)
42 - FATOS VELADOS
A voz que sai pela escrita
não deixa de sangrar a tinta viva
de fatos velados nas doutrinas,
e por não me calar indignado,
resisto e reluto permanente,
convivendo sóbrio, mas descontente,
entre sócios ébrios e astutos do ópio.
A fala ecoante exilada,
sofrida na carne marginalizada,
oprimida no estigma da história,
encontra-se a beira da estrada,
revoltando-se contra a ideia alienada,
no martírio dos contestados,
subsistindo com direitos sonegados.
O clamor ressoante e ressurgente
ocupa os despertos conscientes,
revela aos desvalidos penitentes,
os ventos fortes tempestuosos,
e um novo sentimento atencioso,
refaz-se renovante e vai avante,
eclode e arrebenta o pensamento.
(Janeiro/2024)
43 - RETORNO
Terra diz agora
a tua resposta
deste progresso
sei que não gosta
por ser retrocesso
e não renascença
por isso reage
revida, reinventa.
Gaia, Orbe, Adamah
Habitat humano
revolta, mas volta
vem renovando
re-úne a humanidade
refaz-nos húmus
gens amáveis
todos inclusos.
Ressurge mundo
reaparece pronto
como semente
que faz estrondo
que se reconstrói
reveste-se de novo
exige respeito
para todo o povo
Um portal se abre
para o amanhecer
vislumbra-se um véu
que nos faz reler
pela gratidão
e afeto como adorno
tudo com afeição
um possível retorno.
(Janeiro/2024)
44 - CAUSA DOS OPRIMIDOS (sentido vital)
Quando discerni pra vida
numa manhã esquecida
procurei acordado caminhar
ao encontro de um horizonte
mesmo entre olhares indiferentes
que sempre tentam fazer a vida ruir
e apesar de alguns desencantos
tenho um princípio de luta
no sonho da causa dos oprimidos
com firmeza permanente
sem desistir e sendo resistente
por ser motivado na dignidade
sendo paciente em cada dia
sabendo dos afetos da diversidade
e como na noite de tantas luas
percebo mais um dia no porvir
que vai anunciando a dinâmica da vida
em cada nascimento existente
como o ar audaz vivente e essencial
entre nós transeuntes que me faz
enxergar
o sentido vital que nos movimenta.
(Fevereiro/2024)
45 - GRATIDÃO
Reluto na vida contra inimigos
por causa de um sonho livre
reflito sobre tudo o que existe
vendo no racional o maior perigo.
O sofrimento é uma grande prisão
legitimado por tantos poderosos.
Gente com atos tenebrosos
que criam guerras e solidão
O amanhã do chão romperá
com a verdade ecoante no ar
no tempo recriado pelo perdão.
Vejo na paz uma pequena semente
com a força do ser resistente
com a grandeza viva da gratidão.
(Fevereiro/2024)
46 - CHÃO, FLOR, SOM
Chão, flor, som,
voz, eco, sol.
Ilumina a vida fértil e sublime.
Clareia o nosso horizonte,
desvenda e afeta,
define a verdade
com a luz da liberdade sensível.
Emerge e reconduz o vento
nos pensamentos serenos imersos na
fraternidade.
Envolve e inspira o advento do novo
caminho
semeando as flores na terra
fazendo renascer o ânimo em cada ser
vivente.
Semente benéfica, rebento do solo,
esboço marcado na pele sentida,
remexe a Terra e os astros do
firmamento,
ventila rajada da recriação.
Raios solares, farol!
Guiai a sonda da consciência terrena.
(Janeiro/2024)
47 - ONIPOTENTE
Ó onipotente,
Deus, bendito!
E acredito em tua plenitude,
e na gratuidade.
Em silêncio escuto tua voz revelada
que ensina a cordialidade.
Esplêndida Terra que nos acolhe,
sol que nos ilumina,
mar de imensa mística,
inunda-nos
de total serenidade.
Enigmática e bela presença,
és o sacro mistério,
refaz-nos no próximo arco-íris,
ou na chuva que virá.
Pela floresta nos conduz
e nos ensina a reflorestar.
Anima-nos no barro original
no amor maior.
Onipresente e cônscio de tudo,
Sábia luz,
Ó eterna divindade,
ocupa-nos com a tua mente.
(Janeiro/2024)
48 - CONVIVER
Como conviver
se não quiser mesmo reaprender
compartilhar o amor
confraternizar
e ser solidário
com todo acolhimento?
Coexistimos na convivência
com as nossas conversas
nas relações coabitadas,
no imaginário social popular,
na arte viva
que transforma o ser por dentro.
Somos terra,
sementes vivas pulsantes,
os mais novos sobreviventes,
e conviver
exige muito cuidado
como flor emergente.
Nossa história é nosso paradoxo,
racional e demente,
contínua e repetente,
com uma vasta tecnologia,
técnica e ruína,
ainda insensível à natureza.
Cada desejo humano
precisa ser altruísta,
ser empático e desapegado,
ser irmanado,
nutrir-se do bem,
precisa mesmo renascer.
(Janeiro/2024)
Numa inspiração heterodoxa,
no contraponto do caminho,
encontro uma fraqueza forte
que sopra com fervor
uma faísca em centelha de lampejos
como uma musa em sinfonia
e com entusiasmo ilumina-me
e estimula minha motivação
com viveza e alento,
com desapego e despretensão.
Tanta ação, tenta ação.
Despreocupe-se! Ocupe-se!
Abnegue-se com bravura,
com desambição,
sem ânsia, dúvida ou impulso.
Na indecisão ou na incerteza,
alente-se sem ímpeto
com a generosidade,
com a empatia bem determinada.
Sinta-se sensível na liberdade.
Autêntico, seguro e disposto.
Sinta-se no ócio.
(Fevereiro/2024)
50 - SENTIDO DOS GESTOS
O significado/sentido dos gestos
da natureza e dos humanos,
no imaginário da linguagem e do sentimento,
toca com profundidade
a terra aquática vegetral carnal.
O sinal acena a coragem para desnudar-se;
arriscar-se no tempo-espaço;
aventurar-se como a luz
que invade a mata, as casas e os corações.
Sem precisar escrever.
Só fazer.
Os descaminhos da vida podem
se transformar no caminho,
em contramão aos preconceitos
- posto que tudo está em movimento -
como andar na escuridão da noite
e perceber as estrelas como bússolas.
(Fevereito/2024)
51 - ESPAÇO-HABITAT
Como um navio em alto mar
flutuo na trajetória do horizonte,
atravesso as tempestades navegantes,
intento com os meus monstros a lutar.
Espectros do meu abismo,
reluto, restauro-me, refaço;
como um terrestre ser náutico,
em vasta vereda peregrino.
Recriando novos ciclos mutantes
no envolvimento de nuvens relutantes,
escuto o canto eólico na chuva.
Eis o espaço-habitat, o meu abrigo,
o mundo amplo, e eu, um ser pequenino,
no mar social sem ternura.
(Feveriro/2024)
52 - SÍNTESE
No princípio eu me inspirava na
ingenuidade
mas isto me causou uma grande
imaturidade
encontrei um mundo criado e bem
abençoado
parecia até que nada havia sido
colonizado
e entendendo pelo tempo de convivência
comecei a enxergar e discernir com
consciência.
Durante muito tempo no processo
evolutivo
fui crescendo e refletindo com o jeito
pensativo
questionando o sentido que a vida nos
ensina
descobrindo um caminho que a natureza
prima
e reconstruindo o roteiro na dinâmica
da história
vou seguindo na dialética da minha
trajetória.
No limite da vida outra dimensão é
apresentada
questionar agora se serve pela gratidão
que fala
e a finalidade da vida traz o epílogo
em síntese
que anuncia o novo tempo possível e
humanize
e ao chegar o amanhecer do ciclo da existência
encontra-se a convergência no ponto da essência.
(Fevereiro/2024)
53 - UM NOVO CANTO
Rompi doutrinas
entoei um novo canto
rasguei versos obsoletos
e segui meu caminho.
Saí de mim mesmo
enfrentei o mundo
sabendo dos perigos
falei e falo o que penso
gritei para o alto
buscando seguir meu objetivo
apesar das indiferenças.
Me arrisquei passando sobre pontes
e fui iludido
no amor e na política.
Pensei sobre os descaminhos
mas sobrevivi até aqui.
Morri para não morrer na guerra.
Morri de amor.
Aprendi a viver com o perdão
Sei que é bem melhor
ser pela gratidão.
Andei pelas pedras
observei o caminho a frente
e nos passos adiante
deparei com desafios complexos.
Senti a empatia
em cada transeunte anônimo
e procurei o rosto sagrado.
No tempo vivido encontrei amigos
e cuido do jardim.
Os contratempos vêm
mas é preciso continuar a caminhada.
Pensei ir além do contexto histórico
atravessando os limites das fronteiras
resistindo a dura realidade
em meio a tempos tenebrosos.
Sei que a vida é bem dinâmica
e ensina com paciência.
O que o vento levou
e não podemos mudar
permite olhar o que vem adiante
e todos seremos convocados
e o desfecho será nosso.
(Fevereiro/2024)
54 - CULTURA URBANA
As ideias estão cada vez mais velozes
e a cultura urbana banalizada.
Da boca sai um ruído enfadonho com fumaça
de pessoas que não querem saber de política.
Outros abandonaram a militância
preferindo a zona de conforto.
Alguns lutam e resistem nas ruas
e feridos seguem firmes de cabeça erguida.
Reflito sobre tanta subalternidade social
e vejo o sentido da vida na construção da dignidade.
A natureza aponta sinais e nos questiona:
Como vamos dignificar a humanidade?
São tantas as informações pela mídia,
pelas redes digitais a oferta de um mundo virtual.
O ideal na realidade está nas ruas com os famintos.
Os muros nos revelam as frases de desordem
com olhares julgadores de pedestres.
Não vejo os ideais fora dos sujeitos históricos.
Noto que o progresso é destruidor
Sinto que o momento é de acolher os desamparados.
Não dá mais para continuar com desamor.
Vamos adiante. O caminho está à nossa frente.
Encontrei muitos cascalhos e espinhos.
Os protestos alertam e ecoam nas praças
Vamos adiante. Nossa união é indispensável.
Temos uma tarefa e uma missão neste mundo.
Nossa vida não está mais afável.
(Fevereiro/2024)
55 - TRANSPARÊNCIA
No mundo em que vivo vive a
transparência,
mas eletrônicos virtuais trazem intrusa
frequência.
Disparam fogos em cada ano novo,
sem querer saber do renascimento
preciso,
e só me reconhecem por um registro ou
um visto.
Sigo na contramão de tantas doutrinas,
instauro meu caminho e ando com a
comunidade.
A natureza tem protestado em todas as
nações,
enquanto os dormentes vivem alheios
debochando dos que lutam contra os
grilhões.
Vou adiante na base com os vulneráveis
translúcido, consciente e com nitidez.
Reinvento o dia sem esperar acontecer
e em cada ser percebo um pouco de tudo,
sabendo que no fim ficamos desnudos.
Enquanto respiro translado no amor
em minha ânsia de alegria e dor.
Sinto agraciado pela serenidade
ocupando o corpo íntegro com a
natureza,
fazendo meus passos mesmo sem ter
certeza.
Sou uma semente como um grão de areia
incumbido em transbordar como uma gota,
convocado a brilhar entre as
fronteiras,
vislumbrando um horizonte afável,
onde a justiça e a paz sejam
companheiras.
(Fevereiro/2024)
56 - SHALOM! VIDA!
Na história humana, às vezes insana,
das catacumbas relembradas,
viaja o pensamento em chamas
e ainda se escuta a voz trêmula,
sob o trabalho terceirizado,
dominado e aburguesado.
Apesar da insanidade,
vem no asfalto a folia do carnaval.
Anawê! Axé! Namastê!
Shalom! Vida!
Da racionalidade veio a tirania.
Veja a ironia. A vida sendo vazia.
Na rotina da modernidade
vejo templo em cada esquina.
Diversidade de divindades.
Nas calçadas ficam os famintos
sob os olhos da injustiça.
E cada dia advindo
na dor e no canto:
Shalom! Vida!
A dor social sangra
nas margens do lixo e da lama.
Nos rios escorrem a indústria
que desemboca no mar.
Do mar vem o pescador cantor
que alimenta os filhos.
A noite a cidade dorme
entre tantos com fome.
No amanhecer o sol acorda.
Shalom! Vida!
Ouvindo os pássaros matutinos
no compasso da liberdade
fazendo o ensaio da amizade
com o batuque do samba Brasil.
Em cada criança sorrindo
sente a esperança ouvindo
trazendo o vento da paz.
Do ventre da terra aflora a justiça
no imenso terreiro criador.
Shalom! Vida!
A terra sacode a poeira
e eleva ao céu sobre o oceano.
Desce os trovões com os tambores
de lado com os seus amores.
Reluz um imenso clarão
da lua-mãe companheira
abrigando os filhos seus
em coro clamando viva!
A paz é o único caminho.
Anawê! Axé! Namastê! Shalom! Vida!
(Fevereiro/2024)
57 - UMA ESPERANÇA NA TERRA
Passando pela opressão da distopia,
descrevi um conhecimento utópico,
vendo o que os velhos colonos faziam,
constatei num ponto um diagnóstico,
lendo os resquícios dos que não
morriam,
vi nos nativos um protótipo,
resistentes refazendo a história
manifestando hoje em sua memória.
Percebi o crime de genocídio
sobre autóctones escravizados,
a vida aborígene destruída,
na terra sendo tudo queimado,
o sonho de um próspero paraíso,
com o povo africano subjugado,
li em Frei Bartolomé de Las Casas,
o massacre que hoje vejo em Gaza.
Além dos desafios territoriais
encontra-se também o racismo,
vejo a destruição dos vegetais
e a invasão do capitalismo,
as desigualdades sociais
e o vil poder mortal do machismo…
Apesar do desespero da guerra,
Existe uma esperança na terra.
(Março/2024)
58 - FORÇA ORIGINAL (Sopro Vital)
Temos o mesmo chão comum,
mas para onde vamos?
Para que serve tanta riqueza
quando há milhões de famintos?
O que somos senão um sopro
diante da imensidade?
Os poemas escritos não são frutos
de fatos verídicos?
O tempo vivido não é o ser vivente
em culminância cósmica?
Percebe-se no ciclo astral
as vicissitudes e o equilíbrio.
Cada passo dado traça o caminho
que converge para o mesmo ponto.
Em cada canto do mundo e do imaginário
está a presença viva da força original.
Todos os sons existentes no universo
ecoam:
Ânimo! Sopro vital!
Quem somos nós, afinal?
Qual o verdadeiro sentido de ser?
Nosso corpo ocupa o espaço no tempo
sinalizando nossa existência
como humanos em processo de
sobrevivência.
Vidas que se foram sem ser vividas,
sem honra e sem um verdadeiro abraço,
atropeladas pela injustiça,
acolhidas apenas no chão de sangue.
Sangue que germina nova vida
que apela e clama por ser oprimida.
E da voz popular aguerrida
se abre um caminho emergente,
vocifera um canto de um amanhecer pela
paz.
(Março/2024)
59 - PÃO E PAZ
Enquanto estou vivendo
o respiro vai expirando
a terra, o ar e o mar, ensolarando
amar amando
o cheiro cheirando
o verde queimando
a luz iluminando
o jornal sangrando…
Desde o princípio não era assim
desde Caim ficou ruim.
Vivemos em conexão
moramos no mesmo chão
avançamos ao fundo do oceano
e no espaço infinito
muito pouco na interioridade.
O que adoramos?
duvidamos
esperançamos
ritualizamos
encantamos
inventamos o saber saboreando.
Que sabor falta ser provado?
Autorrealizamos em vida.
Matamos e abençoamos.
De qual encanto precisamos?
Por que está lendo agora?
O agora é uma mutação
entre o céu e a terra.
Enquanto o humano se esvai
a matéria se encontra com a
subjetividade
e se confundem.
Vamos de encontro ao firmamento
imensurável.
Uma visão real paira ao vento
vagueia flutuante a mente
com asas do sentimento
seguindo a voz da luz
consciente vai avante
na busca do conhecimento
do pão e da paz
integral alimento
antítese da guerra
e o cenário entristece
pelo genocídio
desumana maldade
do racional vem o mal
vem as armas
assim não somos melhores
somos inimigos.
Sol de todos
clareia a cegueira bélica
cuida dos lamentos famintos
refaz o barro humano
olha a fumaça da pólvora
limpa o coração algoz
imagem da crueldade
que impede a subsistência
dos famintos que sem força
só tem o chão
e as lágrimas do coração
sem pão e sem paz
entre guerras frias e explosivas
pedaços de corpos
clama a vida.
(Março/2024)
60 - SAPIÊNCIA
Vejo na correria dos acontecimentos,
no espaço dos mapas e no corpo do
tempo,
explosões letais de vultoso extermínio,
e simultâneos nascimentos,
luzes emergentes que acendem a essência
da chama.
A sabedoria chegará como o sol
e caminhará entre os olhares dos
transeuntes.
O Princípio virá para uma nova Gênesis.
As partes do Todo regenascerão
como sementes espalhadas numa
plantação.
Das florestas sairá um novo rebento
com a força de sua própria ciência
e um canto inaudito será bendito
e se fará conhecer pelo vigor da
sapiência.
De tudo já visto na visão do horizonte,
estende-se a existência na extensão dos
momentos,
acende o fogo do conhecimento,
renasce das cinzas a inovação,
entre a terra e o céu, inédita
dimensão.
Vendo a amplidão da generosidade,
apesar da ultrajante malignidade,
segue a correção pela via humanística,
com o sentido entendido pelo cuidado,
com aproximação e afeto ponderado.
Por tudo vivido e a respirar,
fortalece a vida em cada amanhecer,
por cada partícula em cada ser,
por saber e sentir em se consagrar.
(Sábado de Aleluia - 30/03/2024)
61 - ARMAS
Armas sinalizam mortes
da brutalidade desumana,
do mórbido império desprezível,
de uma devastação insana.
Ícone de um suplício
da lógica da matança.
Desarmem-se! É o grito da paz!
Cessem com tudo que a arma faz.
Armas da mão genocida que explodem
nações,
erguem-se violentamente guerras,
bombas, canhões.
Imensa explosão!
Derruba e arrasta tudo o que está à
frente;
desrespeita e mata até a última
semente.
Carnificina! Imolação!
Não se arme. Ame! Defronte a demência,
demasia, loucura, paranoia ou fúria,
relute e resista pela ternura,
ressignifique tudo na convivência.
(Março/2024)
62 - BANDEIRA BRANCA
Bandeira branca!
Bandeira branca para a humanidade!
Basta com tantas mortes!
Como pode um ser humano ser fratricida?
Chega de invadir as terras;
de conflitos armados;
de tantos países em guerra;
de trabalho escravo.
Em nome da paz:
Não à guerra!
Peço bandeira branca.
Basta de política insana!
Parem de privatizar a água!
Acabem com a miséria
e com a contaminação agrotóxica.
Terminem com a violência!
Parem de guerra!
Chega de matar mulheres, crianças…
Onde está a esperança?
A Terra clama:
Bandeira branca!
“Fraternidade sim, violência não!”
Imagine não existir religião.
O essencial é fazer o bem.
Armas! Desarmem-se!
Tiranos! Desarmem-se!
Desarmados, amem-se!
Amados, irmanados, uni-vos!
Nações em desgovernança:
justiça e paz!
Bandeira branca!
(Março/2024)
63 - VIDA PLENA
Sou terra que refaz a humanidade
e eleva a poeira para o espaço.
Sou líquido quente em movimento
que inunda o pensamento.
Sou visível, subjetivo, místico,
que transcende a matéria.
Sou o som natural das imagens
no horizonte das ideias.
Sou um caminho a seguir
entre as pedras de outros caminhos.
As aves que se alimentam das flores
povoam o ambiente humano.
O mar com a sua imensidão
avança sobre nossa ignorância.
Os lugares intocáveis
como a luz penetrante
revelam uma verdade
que exige autenticidade.
O que somos na vida terrena
merece ser em vida plena.
(Março/2024)
64 - IRMANDADE
Meu pensamento flutua
e segue veloz inconsciente,
vai instintivo até na noite,
baila rotativamente,
sente o sangue das notícias,
entre sonhos e fatos reais,
que não muda em nada,
e parece que nada é demais.
Quando vejo os transeuntes
passando pela cidade
esquivando uns dos outros
mudando os seus olhares,
não sinto aproximação,
mas percebo a carência,
escuto muito barulho,
uma sociedade em falência.
Sabendo dessa vida corrida
com tanta agitação
cada um quer vender seu peixe
não importa o amanhã, não.
O ônibus, uma lata de sardinha,
e todo dia, um mundo de crueldade.
Penso qu’isso não será pra sempre.
Será que viveremos em fraternidade?
Não sei se um dia seremos fraternos,
e quiçá, haverá uma terra sem males.
Posso pressentir uma boa nova
e ver o verde com o voo das aves.
Ainda estamos distantes da paz
e da verdadeira liberdade.
Vivo cada dia com uma urgência
em busca da autêntica irmandade.
(Março/2024)
65 - EU SEI QUE VOCÊ NÃO VAI LER OS MEUS POEMAS
Eu sei que você não vai ler os meus poemas e
nem vai olhar direito quando perceber uma
postagem com meu perfil. Vejo tantas informações,
leio publicações com várias realidades e imagens.
Sinto que cada um segue as suas
prioridades.
No final de tudo, passamos sem deixar muita coisa ou quase nada.
E não levamos nada mesmo.
Que o amor ao próximo seja a nossa
atitude
com a solidariedade de todo o dia.
Seria bom que cada um realizasse os seus sonhos,
ser feliz, viver no mundo em paz. Mas não é assim.
Mesmo sabendo que ninguém lê tudo de todos,
sabemos que convivemos por um tempo e tudo
passa. Não se apegue tanto.
Viva intensamente.
(Abril/2024)
66 - MINHA DECISÃO
Minha decisão
levou-me a caminho distante
que mesmo indo longe cheguei a me
aproximar
da realidade com as pessoas e com a
natureza,
com a liberdade decidida de um sonho,
com sentido e direção,
e que entre pedradas ainda consigo sobreviver.
No meu teto de vidro permite ver as
estrelas;
nas madrugadas tem poesia com a lua;
no encanto do céu recrio novas imagens.
Pressinto os pensamentos alheios
na população, no jardim, nas crianças…
Escrevo as marcas do corpo coletivo
que luta a capoeira de resistência
e segue o vento livre pacifista
da minha decisão.
Vou a cada passo ao meu encontro
e voo sobre os montes das indiferenças.
E as correntes que pairam sobre a
coletividade
permitem novas decisões.
(Abril/2024)
67 -VOU QUANDO FICO
Vou quando fico comigo mesmo no meu
lugar,
no tempo que me identifica e me agarra,
me enraíza.
Fixo em mim e sou com o todo.
Movo-me pelo pensamento.
Vindo do útero-cósmico sou como místico
e não tenho nada pra levar pro além,
apenas a poeira que se iguala ao chão
da estrada,
e desnudo, não resta, senão, o último
fôlego incerto.
Pensativo vivo o meu desenho,
pinto a tela no espaço da terra,
com os pés de areia das estrelas,
e revisto-me de realidade que dói.
Aos que se desesperam ou desistem de
viver,
por motivos vários ou por simples
acomodação,
digo que a luta pela vida é contínua
e a continuidade dessa luta deve ser
viva.
Aos que têm desesperança, revigorem-se.
Até as pedras evoluem ao longo do
tempo.
Viver é um ato de cada dia, de cada
instante.
Esqueça as incertezas. Não polarize.
Anime-se!
Sigo meu caminho com o coletivo
vulnerável
sempre em diálogo com a paz.
Fico quando vou e deixo semeado o grão
vital.
Vou quando fico, indo de volta de onde
tenho vindo.
(Abril/2024)
68 - MINHA VIDA
Minha vida está no ar
e na terra ensolarada
paira sobre as águas
meu espírito interior.
O ar que respiro sou eu
se não fosse, não me entenderia,
viver também não saberia
morreria nos braços teus.
Vindos do pó, criados luz,
acolhe-nos, mãe Terra
materializados, não de pedra,
de carne frágil e resistente.
Sol de todos nós
que nos vê sem entender
o iluminismo e o poder
da racionalidade humana.
Água do nosso corpo
que bebe da fonte original
precioso líquido mineral
faz chover e fertilizar.
Floresta que nos sustenta
clorofila verde esperança
folhas com afeto de criança
ensina-nos a conviver.
Interioridade do meu ser
minha substância presença
mística que desvela a crença
reflete a minha intimidade.
Espírito vital do princípio
criativa concepção
pulsar do coração
respira, respira, respira…
(Maio/2024)
69 - UM DIA NA VIDA
Um dia na vida é uma imensidão
pode até não ser nada
mas tá difícil a convivência
como sempre tem sido na história
em cada instante que se respira
tem um ato de violência.
Um dia na vida é vaidade
na terra do sol e da lua
o espírito sofre no corpo
a existência tem algo mais
enraizada na floresta
um ânimo esperançoso.
Um dia na vida vai além
mergulha na escuridão interior
aprofunda na imensidade
ecoa na vibração do universo
fertiliza até nas rochas
recria na vitalidade.
Um dia na vida se cansa
mas não se esgota totalmente
enquanto se vive o presente
respira, inspira, transpira
transcende na imanência
integra-se no transcendente.
Um dia na vida eterniza
na alegria e na dor
na comédia e na tragédia
com empatia e amizade
com pão e poesia
um dia na vida não espera…
(Maio/2024)
70 - TERRA E ÁGUA COM A FLORESTA
Eu sou a minha própria perspectiva
num mundo em caos
Sou muito mais no coletivo como cardume
destemido para viver
na terra e água com a floresta.
Estou com a natureza viva
na fértil luz solar
no fogo ensanguentado
na legião humana
na terra e água com a floresta.
Sinto pelo caminho que ando
com os pés que pulsa com o coração
penso com a sensibilidade
com a comunidade
com a terra e água com a floresta.
Sigo com o povo oprimido
com a diversidade e inclusão
cantando junto com as flores
a memória da história
da terra e água com a floresta.
Sou a carne humana pela paz
sou com a criação sagrada
o corpo inteiro transcendente
missão terrena humanitária
na terra e água com a floresta.
Pela natureza ofendida
por cada semente em vida
para ser em plenitude
para cada ser vivente conviver
com a terra e água com a floresta.
(Maio/2024)
71 - O VENTO LEVA TUDO
O que me atinge em vida é a
materialidade.
Não sinto carência de religiosidade.
Cheguei no tempo da maturidade,
da arte com a comunidade,
da luta contínua por liberdade.
Existo e sinto no convívio,
na cidade entre tantos desafios,
com pessoas, plantas e animais,
com a necessidade do reflorestamento.
Escrevo e digito, mas o vento sopra
tudo.
O abraço que nunca é demais, revigora.
Os questionamentos nos fazem repensar
as possibilidades.
Em cada rua que ando percebo evolução e
miséria.
O fogo queima, a água inunda, e o vento
leva tudo.
No começo da vida, a luz.
Na trajetória da história, a realidade
crua.
No horizonte panorâmico, a admiração.
Aprendi que os anos que tenho são
poucos
para o projeto de vida e poesia.
Na força do vento flutuamos sobre a
terra
com o vigor humano finito para a
imensidão.
O vento sopra onde quer,
o sopro vital da misteriosa fé.
As folhas caem para transformar o mundo,
para o amadurecimento fértil da vida,
e quando num sopro, o vento leva tudo,
e o que criamos ou planejamos em nossa
existência,
o vento carrega como sementes do nosso
ânimo…
(Maio/2024)
Nascemos.
Continuamos no nascimento.
Renascemos.
Produzimos várias situações de nós mesmos.
Nossa produção é
contínua.
Reproduzimos reflexos
e vibrações de nossos ancestrais.
Somos o outro.
O outro nos afeta.
Nos reencontramos em
diversas manifestações.
Nossa trajetória vai além do tempo-espaço.
Assim vivemos a vida.
Sincronizamos
caminhos na aprendizagem pelos sentidos.
A realidade é feita nessa conexão com a materialidade.
Somos gênios cheios
de estratégias.
Somos holísticos.
Somos bioenergia.
Nada está totalmente
seguro em nós mesmos.
Nossa relação é o que
nos constitui.
Quando permitimos o bem flexibilizamos o ser feliz
Transitamos na
imanência e na transcendência.
Ecoamos energia.
(Maio/2024)
73 - Leviatã
Sou do Ocidente da América do Sul
quando o sol aparece começo a voar
não vou discutir com a chuva
para que a gaiola
se o passarinho vem cantar no jardim livremente
disponho de forças para lutar nas ruas
todo dia tem dor
mas a vida é superior
qual o sentido da vida?
os afazeres do cotidiano
são motivos que dão sentido à vida
a vida é feita de dialética
de poesia, política, tragédia, razão, conhecimento…
nada é absoluto
conhecer é poético
é ciência
desvenda a lógica da natureza
a vida é uma antítese que contradiz a imensidão
o ser humano é livre para viver
independente e com autonomia
com sensação e imaginação
caso contrário
fica a mercê do pensamento alheio
subalterno
cada um é soldado de si mesmo
a religião prende
e eu sou um pássaro
a teologia do domínio
anuncia uma escatologia opressora
o Estado
forma de poder
contrato social imposto
tudo de nós mesmos que somos
como um leviatã.
(Junho/2024)
74 - Resiliência
olhei p’ra lua
e lembrei da grandeza de sua mensagem
dizia a voz
observe a flor no asfalto
é vero
o desrespeito, a discriminação, o preconceito
são atitudes de pessoas sem amor
sem empatia e sem altruísmo
que causam tanta dor e sofrimento
na convivência humana
o vento refletia no meu rosto
flexível resistente estoico
sobre as adversidades antagônicas
a resiliência
no alto, sinto as estrelas
em baixo, somos população
força interna firme forte
difícil aos antipáticos
a adaptação elástica
situação vulnerável
superação
nascemos humanos
não somos recicláveis
estamos em formação
o lugar é você
(Junho/2024)
75 - Espiritualidade
surrealista
Do núcleo da Terra para o oco espaço diluído
em algodão ensopado de éter entre carneiros
fui arrebatado para o céu
lá encontrei o onicriador
o sêmen escorreu na espuma das praias
lavou as serras
digitou a única lei
Amar
na areia das caranguejolas
crianças desamparadas nos semáforos
saem de dentro do livro
as cores se misturam com as bombas
a lua avermelha-se
os corações deambulam pelos jardins
os sonhos governam e procriam
do firmamento chovem pétalas coloridas
tintas fluem e viram aves como hábeas corpus
o tempo
goteja árvores minúsculas
sobre gente gigante
em plantações de crânios com flores
na superfície
e genitálias expostas
esporram páginas poéticas flutuantes em gozo
ondas vermelhas e azuis do mar como escada
no vento entre planetas
com TVs sangrando
explodem
do chão nasceu a vida
entre pinguins pavoas leões
num parque florestal
do infinito panteísmo
a biogênese dos mundos
os germens guardiões em todos os portais
o magnetismo cósmico cerebral
moléculas floridas pedalantes
em bicicletas fluorescentes na via estelar
vibrações musicais gregorianas
ecoam mantras
Terra amar tempo
amar tempo Terra
tempo Terra amar
(Junho/2024)
76 - alienação versus uni-vos
científico marxista
veja a geração funk
o movimento punk
e a militância ativista
lgbtqia+
a fome que ainda mata
a miséria que devasta
a Terra não está em paz
globalização em fluxo
tecnização para o luxo
mais-valia alienação
então como encontrar saída
uni-vos gente nativa
nações afro-inclusivas…
(Junho/2024)
77 - Pesquisador
Pergunta o pesquisador
sobre os objetivos
e quais são os motivos
como um investigador?
Como fazer a abordagem
com metodologia correta
e análise de novas técnicas
observando as linguagens?
Ciência e tecnologia
seguem uma epistemologia
sob um referencial teórico
e nas considerações finais
respeitem os animais,
e pela paz, faça novo histórico.
(Julho/2024)
78 - Cronograma
A vida do Planeta
Terra
intervém com ar, sol,
água e plantações
para crescer e
multiplicar
hoje e além.
(Agosto/2024)
79 - Racionalidade
Racionalidade
é juízo e sanidade
é próprio do
pensamento
é lógica e razão
sensatez e percepção
é ética e
entendimento
é crença e
inteligência
é senso de
coerência
lucidez e conhecimento
é temperança e
equilíbrio
é critério e sentido
é o
discernimento
é a simples
humildade
é um ato de
caridade
é puro sentimento
mas como pode o
racional
demonstrar-se mais
animal
e causar tanto
sofrimento?
(Julho/2024)
80 - CRONOS E KAIRÓS
Cronos
senhor do tempo
grandeza dos dias e
anos
implacável força
findável
quantificante finito
cálculo cronogramático
rotineiro e prático
Kairós
tempo vivido
imprevisível
Instante
possível
qualificante criativo
oportuno supremo
advento inesperado
travessia do mistério
Julho de 2024
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Nenhum comentário:
Postar um comentário