MENSAGEM DE UM POETA AMADO
(5º Caderno)
561 - BODAS DE CERÂMICA OU VIME (9 anos de aliança)
Amanhecemos sob o cuidado criativo,
ativos no tempo e no templo do amor,
covivendo entre a alegria e a dor,
celebrando cada dia merecido.
As marcas vivas, percebe? As flores?
Resistentes e flexiveis, fortes!
Busacamos o carinho que nos conforte,
pacientes, maleáveis, com valores.
Dedicamos ao amor, jumtos lutamos;
viajamos, sonhamos, sustentamos;
convivendo sempre no benquerer.
Ao longo da caminhada, um flerte;
um aconchego na varanda, concede;
e um abraço nos faz transcender.
(17/01/2023)
562 - BOM DIA MULHER
Bom dia mulher aguerrida!
Pensei em você como uma flor
Que na luta rompe no asfalto
Nas manhãs em pleno vigor.
Sou grato entre abraços e vozes
Na lida contra o opressor
(Jan/23)
563 - CARNAVAL EM JIJOCA DE
JERICOACOARA
Carnaval
a carne leva
diz adeus
despede o corpo
faz folia
rito fecundo.
Carnaval em Jijoca
em casa, na toca, na oca
que toca relax nativo
na Lagoa do Paraíso
entre as dunas
rumo a Jericoacoara.
A rede ancora
mergulhada na esteira d'água
que me faz balançar nas ondas
suavizando a luta da vida.
Carne vital
alegria da memória popular
sonho sobre a realidade
sempre no esperançar.
(Fevereiro/2023)
564 - SEI QUE NÃO SEI O TEU SABER
Sei que vou vivendo
pelo tempo que vou amando
em cada momento sentido
preso em ser livre.
Sei que sinto todo instante
como pássaro itinerante
que vislumbra o horizonte
e admira um novo olhar.
Sei que a vida é muito breve
mas se eterniza em um gesto,
em um poema ou num verso,
em cada dia que se serve.
Sei do sofrimento e do desamor
da angústia, da agonia e da dor.
Mas viver é lutar pra se alegrar
como águia que chega ao topo ao voar.
Sei que não sei o teu saber
sabendo que amar é conviver
com a liberdade de sempre ser
sendo melhor no ato de amar.
(Março/2023)
565 - MÍSTICA SECRETA
Eu seria uma poesia em tua pele
talvez uma mística secreta
pra melhor conviver e amar.
Veja a Criação
sinta a emoção
o afeto e a afeição
vamos celebrar.
A vida é ativa
dinâmica viva
ilumina e reluz
cosmo a brilhar.
Nessa via poética
o amor se repete
e se espalha no ar.
O amor é alegria, é pura empatia,
é vida, sol e luar.
Amantes, poetas, natureza...
Serei sempre uma mística secreta viva,
segredo consagrado num mistério
flutuante nas asas do amor.
(Março/23)
566 - A VIDA É O TEMPO
Nada é sem o tempo
mesmo o espaço que se diz vazio.
O tempo é uma passagem infinita.
A vida é o tempo.
O tempo é a vida.
Nos finitos imensuráveis.
Tudo existe no tempo
assim como a história em seus ciclos
e desde o princípio estamos evoluindo
apesar das guerras
e da fome
que assola o mundo.
É tão pouco tempo na vida
pra se amar intenso
porque a vida é o tempo
porque a vida é
porque a vida
porque
tempo...
(Março/23)
️ 567 - MESTRADO
Magister do mestrado
ensinantes do saber
pessoas talentosas da ciência
artífices da academia
docentes das artes
da maestria do universo
no reflexo do conhecimento
na práxis do amor
pensantes da filosofia
mente da leitura
poesia da sapiência
articulantes da revolução
pesquisantes da vida
na intertransdisciplinaridade
na regência do sentido.
(Março/2023)
568 - SOU HUMANO
Eu seria uma árvore,
uma cachoeira,
uma montanha,
ou um belo horizonte...
Sou humano.
Humanizado
nas raízes aquáticas
e nos ecos dos raios
respiro nas veias divinas.
Inquietante
qual mar furioso
e vento impetuoso
renasço,
reluto.
Meus sentimentos carnívoros
revelam-se na chuva
que escorrem na terra
espalham-se na cidade
repleta de consumismo,
marginalidade,
luxo e lixo,
em ritmo trabalhista caótico.
Resisto,
respiro a sujeira social.
E na humanidade ferida
dolorida, subumana,
desnutrida,
a massa sobrevivente
mergulhada no inconsciente
do ativismo de doentes
mortifica o consciente
a cada instante.
Eu seria uma árvore...
Forte
no alto da montanha
entre as cachoeiras...
Sou humano.
Seria um novo horizonte
que ecoa pelo vento
humanizante
biodiverso
pleno.
(Março/2023)
569 - O LIVRO
Desde os mitos da criação
até as ideias dos filósofos
e dos conhecimentos das teologias,
passando por todas as ciências,
chegamos a conclusão
dos registros escritos dos livros,
e que nos livros viajamos no tempo
pelo que lemos e escrevemos,
e assim vivemos
no ato de ler, escrever e viajar,
sem perder a digna ternura de lutar,
vendo no livro um novo jeito de olhar,
um caminho a trilhar, vivo,
sentindo cada página do livro.
(Março/23)
570 - PINTURA SURREALISTA PÓS-MODERNA
Começou um evento na praça
com as vozes ambulantes ecoantes,
com mãos de sangue na parede,
visto sobre a vidraça da escola.
No quadro os rabiscos da História,
escorrendo tinta na mistura da iamginação,
entre sombra e luzes abstratas,
num colorido geométrico da virtuialidade.
Explicações científicas cadavéricas,
despertam o inconsciente onírico
de paixões, loucuras, fantasias e utopias.
Imagens velozes entre a terra e o céu
transladam no pensamento cibernético
restando apenas um caminho para o infinito.
(Abril/2023)
571 - NOVO OLHAR
Foi com você que senti um novo olhar
um sentido de amar
outro jeito de viver.
Vida secreta
nossa presença marcada
na poesia cantada
no corpo entrelaçado.
Outro olhar novo admirável
revigorante, memorável,
nos refazendo em melodia
feito fala revelada
no sentimento do olhar.
(Maio/2023)
572 - A BAILARINA
Dança a bailarina sorridente,
Anda no jardim a Ninfa graciosa,
Ninando com afagos íntimos,
Ilumina a vida amorosa,
Eleva o espírito transcendente,
Leva consigo o amor ascendente,
Elimina a tristeza entre as rosas.
Vi um encanto vislumbrar
Com mistério, luz e desejo,
Com uma montanha de carinho,
Como o sol e a lua entre beijos
Com os sonhos desejáveis,
Como pássaros afáveis,
Numa viagem de cortejo.
(Maio/23)
573 - PÁGINAS
DA VIDA
O corpo sente e fala.
A casa comporta nossa intimidade.
O caderno guarda os poemas
como a aliança brilha poesia.
Carrego a mochila e água.
Não paro de pensar nos pensamentos.
Depois da pandemia, as perdas.
Depois das perdas, o recomeço.
Perdi muitas páginas da vida.
O caminho a seguir está aberto.
No horizonte infinito sou pássaro.
Na virtualidade, outro porvir.
Olhares flertam diversidades.
Sentimentos ocultam no escuro.
O tempo é nascimento,
sinal vivo da existência.
Sinto na pele o hálito do amor.
A rede me espera na varanda.
Muitos famintos em desespero...
Enquanto escrevia, enquanto tu lês...
(Maio/23)
574 - ID
Id
inconsciente, inato,
prazer imediato
psíquico desinibido.
Instinto e impulso,
libido e desejo,
vontade e ânimo,
paixão e amor
Satisfação fantasiosa,
ilógico, irracional,
eros sem prejuízo.
Sexo, cópula,
corpo e mente
unidade.
(Maio/23)
575 - POETA
DO AMOR
Sou poeta do amor
Amante questionador
Afetivo chamego
Sentimento afável
Amável desejo
Caprichoso galanteador
Amoroso sedutor
Aconchegante acolhedor
Cortejante, abraçante,
Carinhoso, pensante sonhador.
(Junho/23)
576 - MELHORES
MOMENTOS
Quando a gente deixa de se beijar
É por que algo já começou a mudar.
Quando a gente deixa de se abraçar
É por que não demonstra o que sente.
Quando a gente não vê no outro o olhar
É por que está distante em outro horizonte.
Quando não temos mais o gesto de ouvir
É por que um barulho tomou conta do sentir.
Quando deixamos de nos tocar
É por que nos cobrimos com outra prioridade.
Quando perde a paixão de sentir
É por que se esquiva para outro lado.
Quando não sente no sexo o que procurar
É por que a importância está em outro sentido.
Quando na relação o carinho se faz afastar
É por que a paixão pelo amor perdeu o sabor.
Quando a vida é só trabalho e não tem prazer
É por que os afazeres ocuparam todo o ser.
Quando a vida se reduz em só se preocupar
É por quer deixou de viver os melhores momentos da
vida.
(Junho/23)
577 - CAMA
(AMA)
Quando a cama é só pra dormir
E não ama,
E já matei o sono,
Eu me levanto
Vou ler um livro,
Escrever um poema
E vou tomar meu café.
(Junho/23)
578 - GATILHO
Dispara um gatilho no sentimento oculto
por uma insatisfação comentada
entre o afeto e a desafeição
no movimento da emoção.
Confidente pensamento dominante
reclama o juízo angustiante
das vontades e das carências,
ocupando a mente emotiva.
(Junho/23)
579 - OCULTO
Indecifrável e oculto desejo
que me explora
com ânsia e vontade
que não se encontra e chora,
inebria de encantamento,
e na ilusão consola.
Complexo inspirante capricho
estimula amar.
Sinto escrevendo os meus segredos
vivo para amar.
E vou vivendo preso ao carinho
sedento em aclamar,
o sentimento que ecoa dizendo
vida é pra se abraçar.
Vem meu afeto, sente comigo,
o sentido de afetar.
Meiga afeição, grata paixão,
vem me enamorar.
Oculto alento, inspira segredos
fico a admirar.
(Junho/23)
580 - NÃO
EVITE AMAR
Não evite amar.
Não evite tocar no amor.
Não evite viver como quer,
esquivando de um abraço,
escapando de um olhar,
e assim, não me evite.
Não evite conviver bem com medo de errar;
fugindo e se afastando das pessoas;
desviando do caminho que vai construindo;
distanciando do que pode torna-se livre.
Salve-se!
Não evite amar
preservando a ignorância;
safando de uma conversa para superação;
impedindo de conhecer o desconhecido.
Ame sem evitar amar.
(Junho/23)
581 - AMOR ESPECIAL
Um amor especial é diferente
Posso dizer que é acolhimento
Satisfaz com um contentamento
Realiza o sonho que sente.
Admira e flutua com o pôr do sol
Caminha na praia ao entardecer
Contempla as estrelas e crer
Ama para não se sentir só.
Um amor especial faz revigorar
É um aconchego presente
Um cuidadoso abraço
Encontra sentido e sente
Se une por um laço.
Um amor especial é o sentido de amar.
(Junho/23)
582 - ABRAÇO
Diante de tanta ilusão
um abraço iludido
pelo menos é um abraço sentido.
Sentir um abraço
cria um laço
um sentimento carinhoso
um afeto gostoso
uma meiga segurança
realiza uma esperança.
Um abraço é um tempo-espaço,
um instante eterno
revigorante e reestruturante.
Abraçar já é amar
abre o coração,
é unção e envolvimento,
é canção, poesia e encanto.
Um abraço refaz a vida,
gera amizade e benevolência,
é um beijo na alma,
é um segredo sagrado.
(Junho/23)
583 - CORRESPONDENTE
No princípio da admiração
o estranhamento e a novidade.
As descobertas sentidas e refletidas.
No percurso da evolução, a expansão.
No silêncio do sentimento
escuto o estrondo da mudez.
Como semelhantes e parceiros
somos correspondentes.
Como correspondentes,
somos diferentes,
às vezes, inconvenientes,
imagens dissemelhantes.
Inscritos estamos como cartas
remetentes a nós mesmos.
enviados em missão.
(Junho/23)
584 - REMETENTE
Veio a mim de volta
o sentimento da correspondência
de um princípio admirável
ainda com estranhamento.
E no sentido do enviado retrocesso
retorna o reflexo sem nenhuma descoberta.
Como resposta emudecida
entre sentidos dissemelhantes,
fico só, apenas um remetente,
do amor penitente,
descontente, infelizmente,
com a mensagem cordialmente
recebida, ágrafa, sem registro,
sem saudação ou cortejo,
sem abraço e sem beijo.
(Junho/23)
585 - COMPANHIA
Companhia tem que ser boa.
Companhia ausente
não dá nem pra compartilhar conversa.
Com acompanhamento, vive-se.
Acompanhar é ajudar, é abraçar uma causa.
Reflito: o que faço para ter o teu abraço?
É o nosso amplexo:
O sentimento carinhoso que afeta.
No afeto acompanhante, atinge-se por inteiro,
sou completo, total, pleno.
(Junho/23)
586 - FESTA JUNINA
Festejando na avenida
comecei a te olhar
desejando o teu beijo
querendo te enamorar.
No arraiá de Santo Antônio
desejei o grande amor
seguindo no arrasta-pé
todo o povo ecoou.
Tava eu dançanteando
no xote de são João
na quadrilha matutina
minha mão na tua mão.
Viva, viva pra São Pedro
na nossa festa junina
eu muito feliz amando
pois o amor é a minha sina.
(Junho/23)
587 - SÃO LUÍS DO MARANHÃO
Passando por dentro de Barreirinhas,
encontram-se os Lençóis Maranhenses.
Seguindo para São Luís, avistamos a Ilha bela,
o Atlântico, as terras Tupinambás dos são-luisenses.
Entre os rios Bacanga e Anil, a cidade vistosa.
Do Centro Histórico, toda a criatividade;
escadarias, casarões, mosaicos e azulejos;
estruturas de pau, pedra e barro, a base.
Da Casa do Tambor de Crioula,
um resgate africano de herança cultural,
além da historicidade dos museus;
a grande memória patrimonial.
Da Praia Grande indo até Alcântara
sentimos os quilombolas, as aldeias e ruínas...
À noite os festejos do bumba meu boi,
as lembranças guardadas que animam.
(Junho/23)
588 - A LUA E VÊNUS
A Lua à beira da praia emergia crescente
Sob o brilho de Vênus tão alto e vivo
Entreolhando-se enamoravam pleno
Ao som da praia festejante.
Da Terra como amantes vislumbrantes
Vendo num encontro equidistante
Sinto o sentido do sentimento
No olhar astral do firmamento.
Da imagem espacial e terrena
Vê-se o ocaso beijando o horizonte
Com ósculo nos lábios dos amantes.
Vendo da planície do oceano
a amplidão no alto com a Lua e Vênus
Admirado, apraz, sentindo e sendo.
(Julho/23)
589 - FUNDAMENTO CIENTÍFICO
Doutor, com licença, por grafar um soneto,
No início da resenha, um pouco de ousadia,
Tendo como científico a epistemologia,
A arte, o saber e todo o conhecimento.
Consentido versejar, sigo na ciência,
Buscando neste trabalho os fundamentos.
Do senso comum para o discernimento,
Indo pela filosofia, a mãe da sapiência.
Compondo e avaliando nesta investigação
Pergunto: O que caracteriza a pesquisa?
Digo: são técnicas e métodos de estudo,
Converge história, fé, vida e política...
Usa a imaginação, o objeto faz-se desnudo;
Objetiva conhecer pela humanização.
Considerando esta análise
penso como um imperito
seguindo regras e métodos
incluo o que acredito
e sobre toda a estrutura
assim como as culturas
tem fundamento científico.
Tentando fazer ciência
no ofício da pesquisa
podemos revolucionar
pensando de onde pisa
assim criamos as leis
e recriamos outra vez
este é o meu ponto de vista.
(07/2023)
590 - ROTINA DA INTIMIDADE
* Eu ouvi seu comentário e senti
o que disse sobre um grande amor,
mas não sei se a vida é assim,
viver como uma eterna flor.
* Nós somos frutos de uma afeição
seduzidos pelo dom da paixão,
e conviver tem várias fases,
às vezes, somos pela razão.
* Estamos juntos numa viagem
mergulhados numa paisagem,
mas na rotina da intimidade
consagramos a liberdade.
* Nós convivemos em nossa aventura
porque viver é um acontecimento,
um fenômeno admirável
forjando nossa escultura.
* Se um dia o comentário for outro,
se o caminho exigir algo novo,
que nunca falte a amizade,
e livres seremos intimidade.
(Agosto/23)
591 - METAFÍSICA DO POEMA.
Ao ouvir a tua voz tão declamante
recitando o meu poema de amor,
pensei em reescrevê-lo outra vez,
de outra forma, bem mais profundo.
E aquilo que reescreverei será melhor
e assim ouvirei admiravelmente
a poesia recriada e presente.
E no coração auscutarei
a tua voz tão mística.
Mas pensei na metafísica do poema
como algo da interioridade.
E indo além da imaginação
flutuei no enigma do teu olhar.
Na serenidade da reflexão
encontrei a quietude do Nirvana.
Juntos abraçamos a gratidão.
E no segredo do sagrado transcendemos
ouvindo a voz poética e amante
na poetude de um novo verso recitante.
O que antes declamado fora no passado,
agora se revela definitivamente.
Na sonância do encontro amável ecoa a
vida
dos acompanhantes amantes, inspirados.
A voz amada e cheia de ternura,
como lenitivo aprazível e sedutora,
faz de mim um voejante no firmamento,
saltitante entre afagos e desejos,
sentindo um instante eterno de deleite.
(Agosto/2023)
592 - UNIFICO
Um único uso é uno
que une o último uivo
unívoco,
e urge no que é útil.
Unge o útero úmido
no corpo unido pelo usufruto
ungido pelo umbigo
utilizo
do utopismo no urbanismo.
Unifico.
(Agosto/23)
593 - ACASO
Acaso não existe.
O acaso não é uma proteção.
Nada é por acaso.
Tudo tem uma explicação.
O não planejado não é por acaso.
O imprevisível ou aleatório
não quer dizer por acaso.
O acaso
sendo sinônimo de uma ocorrência,
ou um acontecimento;
trata de um a ocasião,
um fato ocorrido.
Daí surge a pergunta:
Por que uma pessoa encontrou
em um determinado ponto com outra,
sem ter combinado?
A outra pessoa também
foi ao ponto determinado com uma finalidade.
Não é por acaso.
O amor não é por acaso.
Em tudo tem uma causa.
Não é acaso.
A fé não é por acaso.
O inesperado tem uma causa,
uma probabilidade.
Num acidente considera-se as causas.
Ninguém nasce por acaso.
Viver não é um acaso.
A morte não é por acaso.
O acaso é uma ignorância convencional.
O big-bang não foi por acaso.
Niguém se conhece por acaso.
O acaso se opõe ao conhecimento.
Tudo acontece por um motivo.
(Agosto/2023)
594 - DORMENTES
Não falo dos dormentes do trem.
Falo dos dormentes da sociedade
que dormem
como dormentes
sob as linhas do trem em movimento
que leva gentes
ao movimento do trabalho
que explora.
Será que edifica?
Dormentes!
Acordem!
(Agosto/2023)
595 - PALABRAS Y ACTITUDES DE LIBERACIÓN
Por la manãna camino
sobre nuestras decisiones y formación,
hablo con los compañeros
de la necesidad humana:
¿Por qué tenemos menos libertad?
¿Por qué nuestros sueños
están destinados a una ilusión de vida?
Hay una luz en nosostros.
Como en el corazón de Dios está el sumo bien.
Todo el tiempo es sólo mucho trabajo y cansancio.
No debemos temer a la muerte.
No seas cobarde.
Después de noches traicioneras,
sigamos con los ojos
de una nueva visión del mundo.
Una actitud ecológica.
Vivendo libre la tierra,
los pájaros, los árboles, las piedras, las personas...
Con palabras y actitudes de liberación
Luchar contra el vacío del mundo.
Sigue ahora un nuevo camino escrito en el libro
de la nueva civilización.
Un día quien sabe,
ser capaz de volar como las águilas;
escuchando tu música favorita
para cuerpo y mente.
Y ante los malos tiempos
la educación es la salida,
que por nuestra esencia,
es un abrazo de justicia y paz.
Hablamos los gritos del corazón.
A pesar de las piedras en el caminio
encontramos flores.
Nuestros sueños
se basan en la confianza
que admira la unión.
Que los buenos vientos
soplen para bien.
(Setembro/2023)
596 - FOGUINHO
Foguinho renascente em brasa
com entusiasmo arde e flama,
queima enérgico e revigorado,
no calor da quentura ativa,
cintila com ânsia e força,
com fervor e furor aceso,
vívido em chama e tremor,
na luminância do fulgor,
no lume ardente e quente,
retorna à vida ávida em luz,
assanha, atiça e excita,
no cio do chamego, no clímax do orgasmo.
(Setembro/2023)
597 - AUTOGRAFIA DO SENTIMENTO
Pensamentos vêm ao coração e são grafados
Pelos sentimentos de nossa historia
Pelos caminhos assertivos e contrapontos
Por nossa jornada em reconstrução.
A vontade de tocar o desejado é descomunal
Sentir o cheiro, o abraço afagante,
Encontrando-se nos toques salientes.
Nosso canto nos encanta em sedução
Afetando o sentimento.
Sem palavras expressamos o sentido
Dos belos momentos.
Os instantes que nos abraçamos
Revigoramos a atração,
Renovamos a emoção.
Corpo e mente se abraçam
Se unem ao coração
Na unidade graciosa
Sentimos inspiração
Sentimento autografado
Inscrito em nossa história
São os nossos momentos marcados na memória.
(Setembro/23)
598 - MEU CAMINHO
Vejo no meu caminho
as decisões e as dúvidas
sigo em frente como sopro de um vento
voando nas asas do coração
no amanhecer de um horizonte
que admiro e me encanta.
Muitas vezes o que procuro
nem sempre encontro facilmente.
Vejo grandes dificuldades
passando pelo tempo
sobre as calçadas e praças
com pessoas que se banham nas fontes.
E passando de mãos dadas com a amada
comento o pensamento de Marx,
o caminho tem muitas intenções.
O próximo, somos nós.
Viu? Meu caminho
tem passos de muita gente
(Setembro/2023)
599 - SABER DO SENTIMENTO
Vou falar-te como vejo o sentimento
que não finda como gota no oceano
ou como o ar pelo espaço.
Não é só um momento volátil que some,
parece uma semente vinda do infinito,
que se transforma em cores como fogo.
O sentimento percebe pela afeição,
afeta todo o ser, desenha na imaginação
veleja pelas veias.
Mesmo em qualquer falha ou defeito,
há uma relação sentida ou percebida,
e nessa hora se sabe e se sente o ser.
Ao sentir o saber do sentimento
parece que se abre um portal na
miragem,
uma visão se revela no corpo interno,
o espaço se torna parte do corpo,
e uma decisão é tomada em viver.
Vivendo neste campo do sentido,
o sentimento ao ser compreendido,
o ciclo vital é contínuo.
(Outubro/2023)
600 - LUA
Revela-me em meu ser
os sonhos da lua
que na noite passa
e envolve o corpo todo da Terra.
Sob a lua, a luz do mistério
que em nossas noites vela
e em silêncio sente
a cidade que dorme.
De baixo sou lua sentindo
como a mesma que vai emergindo.
Com as árvores, tela viva,
matriz, princípio, nativa.
No espaço, conecta-se ao Cosmo,
reúne o olhar dos povos.
Entre nuvens nos deixa inquietos,
sob os olhos, o poema secreto.
(Outubro/2023)
601 - ALEGRIAS E DORES
Durante muito tempo
procurei saber melhor da vida,
Oios sentimentos e o que os livros
dizem,
mas o trabalho diário me consumiu
Escutei muitas histórias nas salas
de aulas,
conversas nas praças, namoro escondido,
devoção aos domingos, segui adiante.
Andei pelo mundo afora,
conheci pessoas,
sempre fui caseiro, reinventei o
melhor
em versos engajados, querendo ser
feliz.
Reli nos Analectos
"o Caminho para o Céu".
E nas "Vozes d'África" do
oceano ouvi:
"Ó Deus! onde estás que não
respondes?"
"Onde está, Senhor Deus?..."
Meu povo brasileiro de fé e muito
trabalho,
de aldeias nativas, sobreviventes da
terra,
ainda temos escravidão, na cidade e no
sertão,
mas somos todos irmãos.
Poeta, olhe bem a vida, veja como
anda,
escute a natureza e aja além da poesia,
vá seguindo a letra viva, reanime mais
alguém,
nos versos repensantes.
Vivendo como amante no tempo
presente,
carrego alegrias e dores em meu ventre,
e o amor como semente concebendo novas
ideias.
Não quero ouvir seus desaforos,
mas se disser, cuidado,
me dê também carinho
e um forte abraço
e terei um momento muito feliz.
(Outubro/2023)
602 - PÓLEN
Tenho um sentimento esperançoso
como pólen fecundo nas pétalas
que ousa revigorar a seiva da vida
com paciência e sapiência
doando-se no olhar do abraço e do
afeto,
como o jardim que entrelaça na terra
para que as flores vivam em aroma
fazendo o encantamento bioativo
deixando os alados enamorar
nos rituais das manhãs férteis
enfeitando o reflexo do dia
e assim sentir o tempo que não espera
saciando do néctar desejado
cantando ao coração amado
sentindo chegar a noite
em versos que unem
unindo-se à lua notívaga
com o ósculo do vento no rosto
vivendo a presença de um voo
no horizonte do oceano
qual tela surrealista de um clímax
polinizando o amor.
(Novembro/2023)
603 - CORAÇÃO
Andando pelo coração
sinto a contração
e o fluido da vida.
Há tantas microvias inundantes
cronometrando os passos
em cada momento vivido.
Passo pelo tempo
como vento entre as folhas
e vejo a pulsação
nas vontades humanas.
Faço uma travessia
sobre o rio dos sentidos
sob a força do tempo.
Como uma ponte
entre montanhas verdejantes
pelejo com os passos
e entre pássaros e passadas
vou ficando desnudo
mais transparente
sendo com muito menos
apenas o meu eu
o ego com o eros
degustando leituras pulsantes.
Por alguns instantes
o inconsciente emerge à luz
para anunciar a paisagem
o seu semblante oculto
no espaço dos amantes
que bailam com a lua
no reflexo do rio
entre olhares
navegantes em ritmo estelar
vibrando num mantra
em sintonia com o gorjear das aves.
Enquanto ando pelo rio
às margens entre as relvas
aflora na pele um sentido
e pulsa veloz e revela
alcançando no horizonte infinito
o som cárdio que no corpo navega.
(Novembro/2023)
604 - UM BEIJO
Sinto a presença em mim
de um admirável sentimento
em um eterno momento.
Vejo distante uma penumbra
de uma imagem desejante
imaginando o beijo amante.
Não tenho o poder imune
para alcançar todos os espaços
mas mergulho no corpo telepático.
Sonho com a realidade possível
de alguma forma almejada
no encontro da boca beijada.
Posso vislumbrar teu jardim
mas não o sabor do fruto
restando a vontade num vulto.
Chega a mim o sinal atrativo
como a beleza do mar que vejo
o sentido da imensidade de um beijo.
(Novembro/2023)
605 - TEU COLO
Acordei de um sonho escrito na música
que se passava numa praia pela manhã
e o tempo parava naquele instante
quando tudo parecia uma arte criativa
com os passos marcados na areia úmida.
Como o vento que nos envolve
sinto meu corpo atraído e abraçado
e subimos pelo arco-íris
brincamos com as estrelas
e ocupamos a imensa paisagem.
O sonho se realiza
o real é o que é vivido
o sentimento é o que nos dá sentido
nós somos uma semente
semeadas nesta terra para florescer.
Meus olhos degustantes te cobiçam
e os sentimentos explodem
sentindo o que eu nunca senti
tocando o mistério desejado
no deleite aconchegante do teu colo.
(Novembro/2023)
606 - O AFETO NOS AFETA
Eu vejo em você um mundo pra se amar
como um jardim que precisa ser cuidado
e entre nossos dias o sol nos faz
brilhar
no encanto das flores e no amanhecer do
orvalho.
Assim a vida ilumina, floresce e nos
fortalece.
Nossos sentimentos conseguimos
compartilhar.
O afeto nos afeta atrativamente
não seríamos sem a nossa chama acesa
e como fogueira no luau à beira da
praia
curtimos as melodias na noite entre
estrelas
e entre abraços flutuamos.
A noite nos convida nas ondas das
marés,
nos pede pra andar com as mãos dadas
seguindo o canto e a dança da poesia,
sob o céu e entre as dunas
contempladas,
sentindo a maresia na pele como um
beijo
vivendo o instante que até o silêncio se cala.
(Novembro/2023)
607 - ENTRE O LIVRO DO VINHO
Quando nos conhecemos
começamos logo a nos questionar
sobre tudo o que queríamos saber entre
nós,
procuramos um pelo outro
e encontramos sentido em nosso caminho,
percebemos que amar
vai além de um simples olhar de cupido,
que a vida merece ser bem vivida.
Aprendemos no caminho que seguimos,
reinventamos quebrando a rotina
e em cada dia, um sonho realizado.
O cotidiano nos cansa e vamos nos
refazendo.
Relaxamos no sofá e na cama, sonhamos.
Andamos pelas praias e serras, viajamos.
Vivemos momentos felizes, contamos
histórias.
Encontramos sentido e sabor em nosso
abraço.
Presenteamos em qualquer momento.
Caminhamos nas noites entre
transeuntes.
Sentamos na praça entre o livro e o vinho…
(Novembro/2023)
608 - MADRUGADA
De madrugada acordo e me levanto
para escrever uns versos da memória
para não esquecer e guardar uma história
que me despertou no meio da noite
como um sonho e seus açoites
que me faz escrever para guardar
um registro da mente a realizar
e se de nada valer da insônia madrugada
que fique os versos ao lado da amada
e um dia quem sabe vai se lembrar.
(Novembro/2023)
609 - DESEJO ANIMAL
Nasci à noite no período das chuvas.
Sou o fogo do sol que o calor humano sente.
Meu coração reage às insatisfações do corpo
pela volúpia incutida no subconsciente.
O caos de um cais arremessa ao mar sem medo,
me faz pensar no mergulho do desejo amante.
Existe um caos com lindos e fortes sentimentos,
que agoniza na entranha numa ânsia vibrante.
Sinto o que faço e termino submergindo
no Eros do infinito escuro subconsciente
que me atormenta com um desejo animal.
O animal racional humano que tudo sente,
afeta a complexidade do seu pensamento
social, moral, cultural, naturalmente carente.
(Novembro/2023)
610 - SER DEMASIADAMENTE AMADO
A ideia chega a mente
como uma paisagem além,
idealizando-se numa pintura,
como um desenho que advém
nos recriando, fazendo admirar
com o gosto de um novo olhar
na esperança que sobrevém.
Assim vislumbramos o amor
com muito desejo e vontade,
mas nem sempre sentimos
o que no peito queima e arde
e tentamos sempre aventurar
como um voo sobre o imenso mar
por querer sentir a intimidade.
Tentamos por demais ser felizes
entre tantos e tantos desenganos
como o tempo em nosso espaço,
como pássaro entre os humanos,
querendo muito ser abraçado,
ser demasiadamente amado,
numa louca paixão desejando.
(Dezembro/2023
Dentro de mim habita o amor que se oferece,
e mesmo que tenha ao meu lado e não alcance,
aquele abraço carinhoso da libido num relance,
assim, busco encontrar-me sem que o amor cesse.
E vendo tão difícil o cortejo sedutor,
a cópula genuína natural da carne,
adentro profundamente como quem sabe,
como colibri penetrante na flor.
Na luz do teu olhar ofusco-me e entrego
meu corpo suculento, sedento e cego,
perdido no infinito do meu com o teu ser.
Como água sou em teu belo vaso sacro,
enraizado em vero sentimento vasto,
sendo acolhido e sem nada precisar dizer.
(Dezembro/2023)
Sob o sol, o solo fértil, feminino,
impávido, sem niilismo, com toque epicurista,
e em uma profundidade libidinosa,
aquece a carnalidade estoicista.
Sob a lua, mulher companheira, benigna,
aclamo pro alto, a lira em cio, a estrela!
Extática, encanta no belo baile estelar.
Admirável intérprete, dá-me a tua seiva.
Atraído em ilusões, penso e racionalizo,
como estamos tão envolvidos e em conexão,
entre amores e paixões com nuvens e elipse,
mergulhados em nossas ânsias e gozos,
na dimensão que transcende tudo que é vão,
e a semente eclode em néctar prazeroso.
(Dezembro/2023)
613 - TEMPO VIVIDO
Por muito tempo vivido entre tantos ambientes,
acontecimentos mudaram o rumo da história,
o tempo aqueceu os espaços da Terra,
perdemos por destruirmos a natureza e a memória.
Perante aos desmandos e descuidados,
ecoamos resistentes com vozes fracas,
não mudamos o que precisamos mudar,
caímos com o sol na fuligem e mais nada.
Cansado do trabalho e dos desgovernos,
a tarde sempre chega sem aconchego,
e os filhos agora são avós questionadores,
perguntam até pelos futuros amores.
Meu amor, não! Não é meu, a gente não é posse.
O que ficou para trás a água do rio fez agitação.
Deixamos coisas no chão que não frutificaram.
Agora as pedras atingem a nova geração.
O que é comum nos livros oficiais das escolas
é o que sustenta pelo ensino as desigualdades;
e o mundo sofre e fenece com as crianças;
o ecossistema desfalece sem esperança.
O trem da vida passou avisando as guerras.
Os governantes se intrigam e o povo é sacrificado.
A poesia é fênix. Os versos são árvores.
No poema não cabem covardes.
Qual a novidade da vida? Como reinventá-la?
Às vezes, todos desaparecem ou fogem.
Mas da vida ninguém escapa de vivê-la.
Tudo se transforma na sobrevida. Nada morre.
Pressinto um novo amanhecer com abraços,
andando acompanhado nos finais da tarde,
anoitecer com a amada e com os beijos desejados,
e no bem viver serei longevo e muito grato.
(Dezembro/2023)
614 - VIDA URBANA
Um dia desses a vida em mim nasceu
na terra entre águas, pontes, artes…
A vida urbana veio e envolveu
ar impuro, sarjeta, delitos e impunidades.
Agora é seguir a estrada em construção:
estudo, leituras, labuta, risos, conflitos,
sonhos nos pés citadinos em recriação,
indo e vindo em cenários esquecidos.
Lembro que li poesias com as árvores
e hoje procuro os oitis na fumaça da cidade,
tempo que a urbanização nos deu.
Antes, porém, vivendo o agora,
sigo afeiçoando a memória
onde “nem o Chico Mendes sobreviveu”.
(Dezembro/2023)
615 - NATAL ENTRE GUERRAS
Em uma rede na varanda a pensar,
nostálgico sob a luz do luar,
na noite de Natal entre guerras,
um sentimento de dor impera.
Lamentações no peito sangra,
indo correr às margens da distância.
Longínquo sentimento sem rumo,
imagino nas nuvens uma direção,
um desamor querido que eu teria.
Os olhares confusos celebrantes,
entre desespero e esperança,
não veem um futuro sorridente.
Em cada instante uma vida nasce,
e o genocídio de inocentes cresce.
Uma estrela anuncia o recomeço de tudo.
(Dezembro/2023)
616 - RENASCIMENTO
Deixo o meu sentimento de mágoas
afogando nas águas do imenso mar
e vejo no retorno das ondas da praia
a parte que preciso respirar,
como um rio que me segue vivo
devolvendo-me os beijos perdidos no ar.
Quanto carinho falta, observando a
vida?
Não precisa muito, é só um cuidado.
E de repente, a falta de um afeto,
a ausência de um simples abraço,
desleixa ao vento o essencial
e perde-se o que por demais necessário.
Voa agora asas do meu ser,
conduz fértil o meu pensamento,
semeia a seiva suprema da criação,
finda com todo sofrimento,
eleva e revigora a esperança,
fortalece com novo renascimento.
(Dezembro/2023)
617 - TRIZ
Por um triz eu não caí no abismo
traiçoeiro,
instante astuto, segundo diabólico.
Momento vil, pensamento pífio, chulo.
Insana ideia vinda do opróbrio,
um sentimento da volúpia e luxúria,
chega e consome o juízo com a
fúria,
um ato potente, ícone ilógico.
(Dezembro/2023)
618 - DEVANEIOS
De uma coisa tenho certeza
de sentir o bem e o saber que sei
por ti e de sempre ser assim,
viver o amor mesmo o que não amei.
Ainda tento além do sonho ir
e em tua sedução fluir feliz
sem que nada venha reprimir
e poder sentir o que no amor condiz
Inspiro-me com impulso desejante
com a ansiedade de um amante.
como um vento forte em atração
Pelo sentimento absorvido
vivo a pensar no que imagino
em devaneios místicos do coração.
(Dezembro/2023)
619 - VENDAVAIS
Não vejo mais o teu sorriso
nas manhãs de domingo
e aquela beleza do olhar se foi
perdido no ocaso do horizonte.
Sobre nossos beijos e carícias,
ficaram resguardados no silêncio.
Entre nós um enigma fecundo,
um olhar indecifrado, inefável;
um rosto admirável e em descoberta.
A travessia da vida pelo deserto,
pelos vendavais do sentimento,
fluindo entre os dedos, deslizando.
A vida vai e vem
no caminho dos dias
nas noites frias
sem lua e estrelas
mas tem poesia
por tua causa.
(Dezembro/2023)
Maleável que se liga na aliança
simbólica,
com estabilidade e durabilidade da
união,
com metabolismo resistente e proteção,
contra a ferrugem do tempo da história.
Receptível ao serviço e favorável ao
amor,
celebra-se em viagens com renovável
afeto,
com segurança e o carinho predileto,
segue itinerante a jornada com vigor.
Marcados na conquista consolidada
na convivência da semente amadurada
cuida-se da substância relação.
Prazerosa comunhão de um romance
faz-se a festa com o beijo dos amantes
brindando a parceria com inspiração. 💋
(17/01/2014)
621 - VIÇOSA DO CEARÁ
Viçosa do Ceará
serra da Ibiapaba
clima agradável
terra dos Tabajaras
arquitetura histórica
paisagem encantada.
Matriz da Assunção
dos missionários Jesuítas
de Clóvis Beviláqua
de praças e artistas
da Casa dos licores
de Deus a bela vista.
Lugar das borboletas
do artesanato e do mel
das geleias deliciosas
da Igreja do Céu
da lua de núpcias
em verdejante vel.
(Janeiro/2024)
622 - CORPO-ESPAÇO
Querer sentir o que deseja pela atração
faz o pensamento subverter uma ordem,
segue uma linha e vai na contramão,
despede-se do pretérito, mesmo que não
vigore.
Em silêncio movimenta-se a sedução
e como sedutor cortejante faz o flerte
com encanto sorridente da paixão,
debruçado por inteiro no que sente.
Imaginando um forte e grande abraço,
aprofunda-se num sentimento
vislumbrado,
avista-se uma paisagem no corpo-espaço,
relutando por um horizonte desejado.
Constituído em contentamento
pelo gozo agradável e satisfatório,
avança relutante o pensamento,
no encanto que parece ilusório.
Sendo mais intenso no momento
eleva-se o instante em eternidade
explode internamente o que foi prevendo
consumindo-se livre na ansiedade.
Vivendo cada minuto insistente,
seguindo pelo impulso intuitivo,
e para não afundar em que se prende,
desapego-me e vivo, e expurgo o nocivo.
(Janeiro/2024)
623 - QUANDO VOCÊ ME OLHA
Quando você me olha
sinto na vida um sentido,
tenho um sentimento contido,
vivo mais no coletivo.
O ânimo que me envolve
se reveste como a floresta
reinventa e faz a festa
na luta do cotidiano.
Em cada manhã vivido
um preparo vivenciado,
uma novidade percebida,
uma folha sentida com o vento.
No rosto de cada ser vivo
a presença da divindade
o aspecto da fraternidade
a transcendência inerente.
Em cada olhar compreendido
pelo cuidado auscultado
celebra-se bem a vida
com o desejo realizado.
(Janeiro/2024)
624 - SERENIDADE E TERNURA
Trago no peito um sentimento ardente
transfigurado conjuntamente
com a amada bem abraçada,
independente, iluminada.
Ando na estrada em reconstrução,
entre pedras e sendo livre.
Crio estratégias, revigoro-me.
Sempre escrevendo poemas vividos.
Não me apego para não sofrer tanto,
embora o choro venha resguardado,
mas os abraços são sempre bem-vindos
em qualquer lugar, tempo ou espaço.
Vejo na frente um dia infindo,
nas noites as lembranças ressurgindo,
o pensamento intenso, ácido.
E a ânsia comendo o que falo.
Almejo a varanda numa serra,
vislumbrando o admirável entardecer,
deambulando com o olhar sobre os
montes,
viajante com a amada desbravante.
Os pássaros nos flagram numa rede
sob a acústica das cachoeiras,
os reflexos do sol entre as folhas,
a quietude, um relax, o ócio.
Escuto o vento uivando no rosto
trazendo a serenidade e a ternura,
enquanto penso na noite que chega,
na vida que o sistema tritura.
Plácido, contemplativo, reluzente,
com brandura, afeto e zelo,
vou seguindo o real poema inerente,
sentimentos para o mundo, um apelo.
(Janeiro/2024)
625 - DESERTOS
O que sinto no olhar expressa paz ou
raiva,
acalma-me ou enfurece-me, mesmo no
silêncio.
Vejo tantos desertos nos convívios
sociais,
e pelo tempo percebo um jardim pútrido.
Perderam-se tantas vidas nas calçadas
e o ânimo dos movimentos enfraqueceram;
e apesar do abandono em cada gueto,
ainda resiste a firmeza permanente.
Ai dos que oprimem os mais vulneráveis
sob a dominação que atormenta e mata,
e escoram-se no status quo.
Desmascarando a realidade da mentira,
das ilusões das mídias, dos desamores,
precisa-se seguir, apesar do ermo.
(Dezembro/2023)
626 - QUANDO ESCUTO A TUA VOZ
Quando escuto a tua voz
de longe sinto um impulso,
algo traduz em vigor,
com o teu corpo incluso
Amor.
Quando uma música me lembra
você viajante comigo,
entre as paisagens, nossa foto,
um no outro, um abrigo
Ósculo.
Quando finda o dia
e passa outro cenário,
somos demasia e sobejo,
o corpo um belo sacrário
Beijo
(Dezembro/2023)
627 - MEUS ESCRITOS
Revendo na memória dos meus escritos
no caderno que estão com amor inscritos
escuto como canção em pleno silêncio.
Com as lembranças do tempo que já
passou
trago comigo guardado o que meu ego
cantou
atravesso barreiras entre vários
caminhos.
Diante dos casos difíceis percebidos
contemplo todo o espaço em que vivo
releio a realidade do sentimento.
Repenso as palavras e me corrijo
escrevo engajado em que convivo
reconhecendo-me com a natureza inteira.
(Janeiro/2024)
628 - QUANDO TE VI
Quando te vi pelo caminho
me inspirei como peregrino
flutuei no vento do teu aroma
senti o ânimo que de ti emana.
Vi em você uma imaginação
e repensei indo além da paixão
com meus olhos contemplativos
fiquei atento , afetuoso e vivo.
Vendo e sentindo aquela emoção
persisti caminhando escrevendo canção
e entre os versos vividos e beijados
mergulhei nos teus braços apertados.
Quando, por fim, chegar o ocaso,
é preciso estarmos preparados,
saber admirar a surpresa vivida,
realizar o sonho que felicita.
(Janeiro/2024)
629 - SOU UM POEMA
Não diga que não sou um poema
mesmo que não rime com você
viva cada instante o momento
e sinta como é o prazer
e vivendo este sentimento
revigore-se sempre para viver.
Diga-me quais os seus versos
não abandone a sua essência
e mergulhe com toda vontade
e marque na pele com sua presença
abrace forte o corpo desejado
e encante-se com o inspirado.
(Janeiro/2024)
630 - FÉ E AMOR
Não quero parecer inoportuno
mas do momento vivido não fujo
carrego comigo os detalhes sentidos
e tudo à minha volta é observado
faz-me relembrar o tempo passado
e no sentimento sou mais afetado
vou seguindo o meu caminho
reconstruindo
com pedras entre os desafios sempre
infindos;
e apesar dos calvários agonizantes,
as incomodações provocam resistência
e mergulho na profunda existência,
pressinto a geração vindoura em
desfalque,
carrego uma constelação de humanidade;
sou fogo ardente devotado,
deambulante entre erros e acertos,
sujeito comum afetuoso, inquieto.
Em silêncio explodo no coletivo da
sociedade
entre tantos rostos que me identifico e
me invade.
Apesar de tudo, penso com fé e amor,
ao lado da amada que sente a mesma dor,
relutamos resistentes, mesmo antes do
porvir,
na esperança de um dia tudo corrigir.
E se de alguma forma nada for
modificado
queira que aconteça algo vindo do
sagrado
desvelado, transfigurado e manifesto,
despertando o desejo sublime
para que ninguém desfaleça e se anime.
Estas letras não tão aceitas, mas bem
amadas,
seguem o percurso do tempo na vida
palmilhada.
Confiante na verificação do caminho
seguindo na amplitude da grandeza
da verdade, da bondade e da beleza,
encontro o ponto central do
entendimento
na relação que une todo o sentimento,
no espaço vindouro de grande euforia,
no mistério da verdadeira alegria.
(Janeiro/2024)
631 - CAZUZA
Um amor tranquilo,
Cazuza,
é um grande desejo,
é a pele como
blusa,
com o sabor da vida
feliz,
é uma alegria
exagerada.
Amar é reinventar
todo dia
diante de pequenas
coisas banais.
O que fantasiamos
nas estrelas,
em segredo de nosso
jardim,
é uma verdade da
arte poética
que os alienados
ignoram,
e que não sabem
voar.
Pela vida se dança
sobre as águas,
pinta o céu de
vermelho,
e todo dia é como o
infinito,
“pro dia nascer
feliz”.
Acorda mundo!
É preciso mais do que dizer que ama.
É necessário “todo amor que houver
nessa vida”.
O pensamento é revolucionário e assim
o poeta vive.
“Brasil, mostra tua cara.” Que país
somos nós?
Meus amigos, quais notícias
deixaremos?
Meu amor, o calor humano está
maltratado.
A solidão e a guerra são bombas
medonhas e letais.
A vida é o milagre da grande mãe.
É uma loucura viver. Mas também é um
prazer.
Ah, se não fosse nossas fantasias.
Como seríamos?
Enquanto vive, sonhe, ame, lute pelos
seus ideais.
Sob o sol e na contramão, sobrevivo
no tempo que não para.
Não finja viver. Viva de verdade.
Vagueie pela noite com a lua amiga.
O dia está cheio de
inimigos no poder
deixando migalhas
de pão no chão para abandonados.
Cante um novo
amanhecer porque a vida é breve.
Até quando ainda
temos que aguentar a exclusão?
(Janeiro/2024)
632 - FLOR
CARNÍVORA
Os beijos em tua boca me refazem e
prendem
como colibri degustando néctar no
jardim,
querendo sempre mergulhar em teu ser,
sentindo a beleza e o aroma do prazer.
A distância é o percurso de um
sentimento ausente,
portanto, o que sinto, sinto na pele.
Procuro a flor carnívora
que me coma por inteiro.
A longitude não me impede de amar
mas preciso na carne sentir,
a mordedura de teus lábios suculentos,
pela ânsia deste ariano amante.
Derrubo muros, atravesso pontes,
como a semente amante que se enraíza
e rasga o chão indo para a superfície
e se eleva afável para o espaço
infinito.
(Fevereiro/2024)
633 - ERÓTICO
Envolvido pela sedução,
curtindo o banho no chuveiro,
vendo tuas costas nuas,
a pele perfumada com o teu cheiro,
nosso apetite vai aumentando.
Bebemos um gole de vinho,
Solto a toalha do teu corpo molhado,
E nos abraçamos coladinhos.
O sentimento pulsante vibra e busca
suprir
a carência que me deixa entediado,
por não sentir na pele
o prazer e o gozo com teus lábios
que me falta e me eleva em orgasmo.
Bem-disposto a sentir como sou,
faço o afeto bem engolido,
entrelaço com meus dedos
a flor entre os beijos,
e o corpo entre as pernas
que se cruzam e se recruzam,
nos desejos do corpo desnudo e
degustante,
a língua saboreia a carne
como o banquete nupcial no ápice do
gozo.
(Fevereiro/2024)
634 - TUA VOZ ECOA
Tua voz ecoa no espaço do meu ser
entre os diversos ruídos estranhos
pelo caminho de nossos sonhos
maneira de nosso conhecer
Ressoa o reflexo em nosso tempo
dum brilho atrativo e vivo
envolvente na pele e no sentido
que consome nosso pensamento.
Clama a voz amante em todo o corpo
entoando um canto em sublime sopro
no encanto de formosa beleza.
Reverbera em ressonância a tua voz
que como ouvinte em mim me faz
convergindo-nos numa direção coesa.
(Fevereiro/2024)
635 - UTOPIA
Tenho mais no que sou sendo
inteiramente livre
e por isso vou convivendo sem apego
desprendido
respeitando a diversidade
na leveza do amor que me sustenta.
Vejo os empecilhos presentes em todos
que afeta integralmente o sentimento
e na contradição do pensamento
refaço a vida com bom humor.
Brinco com as palavras
e na ludicidade da rotina em que me
encontro
deixo-me levar pelo ar
percebendo o que é essencial
que nossa vida vale muito mais
quando amamos com intensidade.
E antes que pela imaginação me iluda
convido a refletir com a natureza
sabendo que o ser vivente em nossa
semelhança
recria-se pela utopia.
(Fevereiro/2024)
636 - RECIPROCIDADE
Eu preciso lhe dizer da reciprocidade
de como penso e como sou de verdade
sabendo de você no íntimo comigo
em cada manhã sonhado e vivido.
O que vivo sei que se encontra pelo
afeto
e está em movimento na busca pelo belo
como o caminho sempre em construção
entre os passos sentindo o próprio
chão.
Por estes pontos preciso dizer do amor
correspondente desde a raiz até a
visível flor
no convívio de detalhes da natureza.
Assim, dito nos versos do sentimento,
vejo um sentido na grandeza do
pensamento
e a plenitude que vislumbra a beleza.
(Fevereiro/2024)
637 - BEIJA-FLOR
Um dia quente.
Observando um jarro com flores
sedentas,
vejo um colibri sugando o seu néctar.
Escuto o Bolero de Ravel
enquanto admiro o balé do beija-flor.
Apreciando um livro de Edith Stein,
pensei comigo mesmo,
vou deixar de contar o tempo
para viver intensamente.
De surpresa recebo um beijo inesperado.
Gostei do mimo imprevisto. Flutuei.
A música ao longe ressignifica o
momento,
apesar dos investimentos bélicos.
Pensei nos versos de Cecília:
“Vim para amar neste mundo”.
(Fevereiro/2024)
638 - LINHA FUTURA
Escutem, sintam o sentido,
em meio a tantos desconcertos,
num pulsar, o ânimo avisa,
lembra do que temos feito.
Vão-se os dias em nossas vidas,
sendo minha e sua a vivência,
expirando cada segundo,
na nervura das tendências.
O corpo em mim desnudo
refaz-se noutra estrutura
repõe-se humanizando
num porvir que se mensura
passando pelo ar, é volátil?
Eleva-se na linha futura.
(Fevereiro/2024)
639 - VOO DA POESIA
Vou no voo da poesia viva
da vida que verseja dignidade
esvoaçando na terra verdejante
amando enquanto vivo de verdade.
Vejo a lua determinada
mediando o meu ser existente
pelos ciclos dos dias desejantes
sentindo a vida plenamente.
Da terra original ressurge o que vivo
restando o tempo impreciso
no espaço que estou sendo.
Passando por este ciclo de respiração
do meu âmago em animação
sinto o quanto estou vivendo.
(Fevereiro/2024)
640 - DEPOIS DAS
FLORES
Na verdade, no começo não são flores.
No começo é numa abertura de caminho
no chão desconhecido.
Depois, ainda não são flores.
Vem a preparação do terreno
como território amoroso.
Em seguida, se for possível,
havendo aceitação e reciprocidade,
acontece a plantação da semente.
E tem que cuidar, regar, zelar,
acompanhar o processo do crescimento
e do desenvolvimento.
Com o tempo vêm as flores.
Mas também tem espinhos.
Assim desenvolve o jardim.
E depois das flores é o verdadeiro
amor.
(Fevereiro/2024)
641 - SAUDADE
Não quero morrer de saudade
porque vou vivendo no tempo
sentindo a cada momento
o instante entre as idades.
O coração vai pulsando
e assim vou vivendo
a cada minuto que passa
sou eu amando e sendo.
De saudade não vou partir
e por aqui vou passando
enquanto pensa ou não pensa
escrevo o que vou amando.
Sobre lembranças nostálgicas
vou guardando na memória
com a experiência vivida
vou construindo a história.
E pelo contratempo da vida
viverei com a liberdade
serei simplesmente humano
buscando a felicidade.
Não vou viver o passado
penso como vivente presente
apesar da desumanidade
serei árvore, sendo uma boa semente.
(Março/2024)
642 - SOMOS AMOR
Sem combinar viajamos e caminhamos,
partimos para o inesperado,
e sem mistério pisamos em terra
mística,
conversando nossas verdades,
vendo o horizonte do grande Artífice.
Somos natureza na diversidade
mesmo sem saber tudo, sabemos muito,
pelo acolhimento amoroso e solidário
que nos humaniza e eterniza,
que nos embeleza e encanta.
Acreditamos no que fazemos
e fazemos na causa única de amar
e assim aventuramos e voamos
dentro de nós, em nossa geografia
e na cartografia de tantos rostos.
E quando chega a fraqueza
com todo poder tenebroso,
com os desesperançosos,
como quem chega disfarçante,
relutamos e seguimos avante.
Depois de uma longa caminhada,
não precisamos de tantas palavras,
somos amor, terra, fogo, ar e água,
nosso limite não tem fim nessa estrada,
e a paz é possível e mais nada.
(Março/2024)
643 - RENASCIMENTO
Como a noite que a mim oculta,
vaga borboletando o meu ser,
chega a manhã os raios nítidos
recomeçamos no amanhecer.
Será que serei em silêncio
confidente de versos notívagos?
Mas na manhã tudo elucida,
fica escrito no meu âmago.
Noturna passagem vigilante
que me faz pensar escrevendo
escorre nos dedos a grafia
os sonhos que sinto vivendo
e no deleite com a amada
revela-se um renascimento.
(Março/2024)
644 - TERNURA
Depois de um bom tempo
unidos pela ternura
provando do gosto da fruta
no sabor do saber das horas
nos dias e noites afora
no frio ou no calor
nos minutos de amor
estamos entre os braços
nos abraços que nos enlaçam
com a lua e o sol ou na chuva
suavidade doçura
nos servimos para servir
no rigor da brandura
na melodia poética
pacificamente na luta
em marcha no meio da rua
pelos ciclos viventes
na convivência dos dias
sendo plena poesia
na aliança permanente
sempre e afetuosamente
para além da mente
com todas as dúvidas
tendo zelo pelo ser
sendo gentilmente
amantes na ternura.
(Março/2024)
645 - MINHA VIDA
Como posso não me sentir cansado
nas estradas vividas
que tracei no tempo o meu risco,
com minhas mãos, pés e
pensamento,
meu corpo suado e sedento
cheio de sinais
do percurso viável e sentido,
que me consome até o último suspiro.
Não preciso te dizer, mas digo,
do óbvio esquecido,
da vida muito amada.
Minha vida amada por mim.
Contigo somos um.
Nossa vida por nós.
Vida minha amada.
Apesar do cansaço, temos abraço.
É o que dá significado.
Estamos de passagem
e passamos depressa.
Talvez sejamos líquidos
E escorremos para o mar.
Só resta amar.
Não é amar o resto.
Vivemos no mesmo espaço.
A vida não é minha,
mas a consciência sim.
Concebo a ideia real
e o sentimento convicto
no que penso, vivo e sinto.
(Abril/2024)
646 - EU E TU
Do que fomos, somos sintéticos,
sendo sem ser ainda evoluídos,
não pertencendo ao consumado,
aproximando do estético,
iluminados como amantes,
confiantes no afeto.
Resguardados somos um
na mesma admiração,
com o gosto do primeiro beijo,
comestíveis, o desjejum,
de pele saborizantes,
nas cores das flores, eu e tu.
Não vamos seguindo à toa
em segredos desejantes,
no meu querer, a tua imagem,
a semelhança que ressoa,
que se inscreve em nosso ser,
que se ama e se perdoa.
Sendo uma realidade dual,
você em mim e eu em ti,
cada um em sua inteireza,
mergulhamos no essencial,
coexistimos na convivência,
convergimos de forma integral.
(Abril/2024)
647 - SE
Se,
não me condiciona.
Não organiza.
Não serve para me expressar.
É indefinido.
Se,
cai bem comparativo,
é quase um infinito,
tortuoso complemento,
pertencimento indireto.
Se,
sentimento ou momento?
Partícula displicente
do sujeito indeterminado.
Enfática semente.
Se,
circunstância da situação,
hipotética demonstração,
no tempo vivido
e sobrevivido
Se,
não causa impacto
visto que a vida é real
e não uma incerteza,
mesmo na sobrevida.
Se…
Deixa pra lá.
Prefiro ser, viver e amar,
sendo em construção,
sensato, sereno, sensível, sentido,
seguindo…
(Março/24)
648 - VOU VER O MAR
Vou ver o mar,
olho na espuma você passar
e sinto o pensamento flutuar,
vagueio pelo horizonte
e deixo-me ir bem longe.
Vejo a beira-mar,
escrevo uns versos para declamar,
enquanto um pássaro segue leve a voar,
e à sombra curto o que é viver,
o instante de tudo que posso crer.
Distante de ti sou um deserto,
em teus braços encontro afeto.
Vou ver o mar,
quero sentir a tua presença
e a força que faz a vida plena.
O que dá brilho num instante
é o que sente o coração amante.
Vejo longe a grande imensidão.
Ausculto nela o teu coração.
Vou ver o mar.
Neste oceano misterioso
mergulho na imagem do teu rosto
e o sabor que vem do vento,
sinto na pele, em mim, bem dentro.
(Abril/2024)
649 - PARAÍSO
Eu recordo a tua voz
ecoando no meu peito
e no teu colo relaxando
encontro um novo alento.
Sinto a vida como o ar
com a precisão da vida,
com a sede de amar
e com o fôlego que me ilumina.
E sentindo o teu calor
revivo um novo tempo
e no caminho vou seguindo.
Houve um tempo num Paraíso
um sentimento bem encantado
não precisava de quase nada,
era só sentir o amor presente,
contemplar o horizonte,
caminhar pelo jardim
e seguir sempre em frente.
Recordando com tanta emoção
refaço os versos em cada momento;
sigo o tempo que nos movimenta
em busca do reencontro vital.
Relembrando a história vivida
recomponho um belo sentimento;
e no caminho percorrido
vislumbro em viver com sentido.
(Abril/2024
650 - MOMENTOS CONSTANTES
Muitos momentos constantes me ocorrem
na vida adulta
sem perceber bem o que de fato seja.
Talvez os hormônios queiram dizer algo
como responsáveis
ou talvez eu mesmo tenha que ter
autocontrole dos meus impulsos.
Acontece que vem uma raiva e consome em
instantes
momentos constantes por conta dos
sentimentos primitivos da sexualidade.
Sinto um domínio intrigante com toda a
vontade animal
de saciar o momento que num
instante se esvai.
De repente, num estalo, vejo a realidade diferente que me chama e alerta para os limites
do corpo e os
cuidados das normas.
Às vezes dá vontade de ser mais que
simplesmente gente.
Ser humano é árduo. Mas ser humano é
ser.
(Maio/2024)
651 - MULHER AUTÔNOMA
Vejo em teus olhos
a arte sensível
mulher autônoma
que olha pro céu
e sente a terra
ilumina o dia
com o bem da alegria
e envolve o corpo
é toda independente
e cedo trabalha
faz sua travessia
cria pontes de amizade
não vive olhando pra trás
ilumina com sorriso
vive pra ser feliz
encanta-se com o jardim
fala com o coração
escuta com afeto
caminha junto e se envolve
faz-se forte
inscrita na rocha
inabalável
é ternura e suavidade
ventania e oásis
empática e acolhedora
não submissa
avante na luta
dócil e resistente
permanentemente firme
cuidadosa e amorosa
livre presa na liberdade
vivente do cotidiano
caminhante de todas as manhãs
itinerante com as amizades
dançante com as crianças
cheia de esperança
sensível com o próximo
crítica com as maldades
confiante na fé
autônoma mulher
(Maio/2024)
652 - ÓCIO
No canto do sofá, às vezes,
ainda ao som dos afazeres,
encontro encantos poéticos
e o gosto do último beijo,
nas páginas do livro um cheiro
dos mais belos e graciosos versos.
Sinto um pouco desse ócio
com a tua presença que gosto,
vou deitar em teus braços
e deixar relaxar meu juízo,
perceber em ti o teu riso,
e ser livre preso num laço.
Quieto-me, apesar da ânsia,
em teu colo meu corpo descansa,
deixo-me mergulhar na inércia,
vagueio sobre o teu aroma,
e deixo que você me coma
por todo tempo que resta.
(Abril/2024)
653 - QUANDO E POR QUE
(OCASIÃO)
Quando e por que motivo me aceitou,
foi no momento em que ouvi as tuas
palavras
e comecei a assumir os riscos,
sem dizer muito sobre o que somos.
Aos poucos a revelação foi acontecendo.
Sigo o sentimento fraterno
para envolver tudo com a placenta
afetuosa.
Os nossos pontos desiguais convergem
no movimento que sinaliza um
reencontro,
a cada manhã que acordamos.
Quando e por que motivo te aceitei,
foi o instante de um estalo consciente
que movido pelo sentimento,
conduzi o desejo na elevação do ser.
Lentamente nos iluminamos.
Atraído pela força de nossa intimidade
nos envolvemos na própria admiração.
Os atos que nos unem, apaziguam
os dias tristes e conflituosos,
lembrando a origem da nossa ocasião.
(Abril/2024)
654 - preciso ser abraçado
preciso ser abraçado pelo carinho urgentemente
é necessário que me abrace
para o alívio das agonias
para o lenitivo das dores
pelo processo da paz
abrace-me forte e com gosto
com vontade de ser abraçada/o
pela causa humanitária
pela causa planetária
abraçar é ter compaixão
é expressar-se empático
vai além de um encontro
preciso do teu abraço emergencialmente
para socorrer da aflição
“pelo sinal da santa cruz”
com poesia graça e pão
com o abraço compartilho um momento espontâneo
que me chama para o ser pleno
que clama autenticidade
que se abre para abraçar o instante
daquela vida faminta
(Junho/2024)
655 - carne
carne
mistério da fantasia
mística do mito
símbolo da promessa
livre cadeia
ato da liberdade
árvore do desejo
oásis da vida
imensidão finita
pote do amor
depois do nascimento
a gente não fica no ovo
expande-se
sinto com as próprias mãos
com a boca antropófaga
com a língua suculenta
que suga a seiva da vida com o corpo
o gosto pornográfico do prazer sagrado
o corpo fala
segue o caminho da vida, mesmo na via difícil
as paisagens são belas.
diz a carne
admiro tanto você que te desejo
com as pernas paralelas que se cruzam
gostaria de navegar no teu mar de carícias
quebrar a monotonia de viver na monogamia com
abstinência dos desejos
deleitar com toda pele do nosso ser
contrai-me com os tentáculos dos teus músculos
que me farão ver e sentir como lembrança futura
não pense no fim, viva os momentos possíveis
a vontade da liberdade está no ato realizado
a carne duvida da paciência e é cobiçada
o pensamento não envelhece
mas tem pessoas com pensamentos caducos
dentro de mim tem algo que não morre
e só rejuvenesce entre o sentido e o cognitivo
a vida favorece a gente
Depois de um tempo, a vida é com remédios
deixem um espaço vago no pensamento para o ócio
o mais importante não é o lugar ou a bebida
são as amizades
viver é sentir a carne
(Junho/2024)
656 - Um amigo me perguntou
Um amigo me perguntou
o que faço sem o carinho
como não se sentir sozinho
e sem o diálogo, já pensou?
Como ser feliz sendo indiferente
viver de boa numa vida ruim
vê o mundo sem jardim
ser ignorado por toda gente?
Como viver sem o amor
sem respeito e sem valor
sabe como viver assim
O que pensar sem saber
se não abraçar se não acolher
sabe como se não sentir?
(Julho/2024)
657 - Roteiro dos amantes
O argumento agora
traz outra narrativa
de natureza viva
mas um dia vai embora
sem sabermos a hora
e noutra diretriz
a vida quer ser feliz
Do que foi construído
ao longo da viagem
entre sons ventos e imagens
pelo ventre concebido
e por tudo conhecido
como um filme que passou
tal qual pássaro que voou
Pelo trajeto das cidades
pela geografia humana
pela terra corpo e cama
no amor aventurado
sem medir pelo tanto amado
nas rotas do sentimento
sempre em busca de ser pleno
Íntegro no que tem feito
com estratégia e carinho
como pássaro no ninho
como intenso passageiro
no segredo do roteiro
anda e voa itinerante
no arco íris dos amantes
(Agosto/2024)
658 - Indicação subjetiva
Eu ia pensando quando de repente estava maduro
fui num passado recente aquela criança ingênua
vou pela via expressa seguindo o ritmo do sol
era de família católica e estudava moral e cívica
sou sempre aprendiz para ser melhor
serei um escritor famoso em poesias
irei transcender em outras dimensões cósmicas
saberia mais se houvesse emancipação humana
pudera eu ter o poder para não existir o mal
farei de tudo pela justiça social
mas o que direi
um dia a paz virá?
(Agosto/2024)
659 - Poesia livre
Quando vejo acesa a chama
a vagar no fôlego vivo
imagino a luz soberana
entre as ilusões do invisível.
É arte o que reparte, compartilha e solidariza a beleza da própria vida
é o desenho com tinta de sangue
é o amplexo no seio lactante.
... e ao cair da noite
minha quimera vaga
entre outros espectros
mas amanheço cândico.
Enquanto vagueiam as imagens
no pensamento atônito
uma estrela é concebida
tantos óvulos fertilizados
a partícula multiplicada
porque a vida é ânimo.
Ai dos ais dos injustiçados
de tantos mendicantes descuidados
dos famintos
da política anômala
porque a consciência virá resistente
mesmo no último sopro da coragem.
Deus-Caos de Gaia
não vês os opressores covardes
enquanto flutua em tua atalaia?
Sentir importa intensamente
até no decisivo instante de um natimorto
pois do barro original criado no horto
voltamos ao útero da terra como sementes.
(Agosto/2024)
660 - Resposta ao amigo
Amigo, respondo
agora
com carinho pelo que
vivo
pelo sentimento
sentido
pela conversa que
aflora.
Seja feliz pelo
essencial
sonhe lute leia
estude
ande pela virtude
viva de forma
cordial.
Ame com
Liberdade
respeite a
fraternidade
viva bem a sua vida
verifique o que
pensa
abrace a sua
existência
saiba seja sinta e
sirva.
(Julho/2024)
661 - O TODO INTERIOR
Abri a fé
com
o corpo
no
ato do gozo e na dor
e
o amor
invadiu-me
sutilmente e ardente
expandindo
em movimento
com sonhos
e sorrisos
versejei
até
chorei sementes
dentro
do coração
e
vi o átomo da minha vontade
o
ânimo
o impulso impulsivo
a carne viva aberta
o sangue da vida
o forte abraço gentil
sob o lençol fértil
no ventre da matriz
o
ponto da imensidão
o
lugar do jardim
meu
canto preferido
meu
grande quintal
a cosmovisão
e em devaneios utópicos
as imagens flutuam
na minha mente
no meu corpo
no tempo vasto
tentando
me envolver
em
cada pulsação
com
alguma inspiração realista
esvaziando-me
vagando pelas ruas
sentindo o meu próprio coração
o nada em tudo
o além dentro de mim
o todo interior
(Setemmbro/2024)
662 - Vapor de setembro
A gente é muito maior por dentro
e sem rodeios uso a palavra
para dizer as denúncias do mundo
saturadas de queimadas e fumaça.
Amo terapeuticamente criar poesia
como o ar que respiro entre as flores
e o hálito do jardim da Criação
para o alento e lenitivo das dores.
Sou com todas as vidas existentes
como nuvem no sopro de vento
com os pés no chão dos
vulneráveis
relutante e resistente rebento.
Cultivo plantas para manter o diálogo
vivo
em meio aos corações algozes e
petrificados
que não voam e são hostilmente
apáticos
mas das raízes emanam o subversivo.
(Setembro/2024)
663 - Professor/a
Professor/a
Reflexo
Ontológico
Filosófico
Expressão do
Saber e
Sentimento
Orgulho e
Respeito/Admirável.
(15/10/2024)
664 - A vontade e o vigor
A tua vontade chama pelo teu querer
nem preciso lembrar o que te fez
escolher
livremente vindo de ti o impulso
interior
para alcançar os maiores desejos do
amor.
A minha vontade é infinita em teu ser
só lembrando como é bom te
acolher
preso na liberdade que nos anima
para o encontro com muita estima.
O teu vigor segue a tua vontade
com o que tens na força da vitalidade
com a energia e determinação
na firmeza pulsante do coração.
O vigor em mim está com a vontade
com paciência e reciprocidade
permanentemente firme e resistente
sendo contigo resiliente.
Entre a vontade e o vigor
em nós persevera o amor
re-úne no ser o pensamento
que beija suave o sentimento.
(Outubro/2024)
665 - Ética
Em um bom dia de domingo reflexivo
cheguei a seguinte conclusão:
a ética é a chave da vida
que permite a nossa moralidade
por atitudes honestas de consciência
social.
Por isso amo a filosofia e a poesia
e escrevi "Poesofia".
(Outubro/2024)
666 - Como o vento
Hoje eu acordei com vontade de te dar
um forte abraço
poder sentir o teu calor preso e pleno
em teus braços
e em teu corpo cobrir de beijos
pela grande ânsia de tanto desejo
como vento penetrante em teu ser
chegando brando
acalentando com afagos,
até o clímax...
(Outubro/2024)
667 - A bacia e o guarda-chuva
A bacia como porção acolhedora
que recebe a chuva e o abraço
do céu aberto, imenso espaço,
peça sagrada acolhedora,
é como útero ou gamela receptora.
Cômodo de aconchego ventral
resguarda o que é mais essencial
alcova que reserva uma sina,
concha côncava, câmara divina,
arca ungida, um bem ancestral.
Guarda-chuva, toldo que envolve,
protege como uma grande mão
forma cortina para a concepção,
um suporte firme que cobre
como asa que flutua e sobe,
com a haste que sustenta e suporta
o temporal que bate em toda porta,
antepassado, símbolo espiritual,
guarda uma memória material,
abriga o corpo em sua custódia.
Bacia e guarda-chuva,
conjuntos acolhedores,
assim, a mão e a luva,
ambos com seus valores,
amparam um belo casal,
recriam um encontro vital,
aproxima o emocional,
renascem grandes amores.
(Nov/2024)
668 - Vontade instintiva
De que adianta me desejar plenitude
se o meu corpo sente falta do teu?
Não adianta só um instante eterno
quando o cotidiano é repleto de fadiga.
Se o meu ser te compreende
isso não supre a verdadeira carência
que me consome por dentro
no disfarce da prioritária rotina.
Chega o fim do dia e a noite me convida
para extrapolar a vontade instintiva
impulsivamente pulsante
com todos os sentidos do corpo.
Às vezes, fico a pensar sozinho
tentando ultrapassar as fronteiras
das virtualidades modernas
e os meus apetites afrodisíacos.
(Nov/2024)
669 - Distante
Você deixou secar
aquela planta que semeamos
agora sentimos a distância
até de um simples toque sensual.
Que pena não poder compartilhar
dos carinhos desejantes e prazerosos
durante tanto tempo esquecido
não mais aquecido no calor do amor.
Busco e não encontro o teu ser
aproximo e não sou mais recebido
tento sempre abraçar em vão
o tempo parou só nas lembranças.
Presente de uma ausência
tão perto mas parece longe
afastado, retraído e frio
fico à deriva vendo a linha do
horizonte.
(Dez/2024)
670 - Duas sementes
Acordei elétrico
e o teu corpo encaixou-me convexo.
Nossos caminhos quase sempre diferentes
nossos pensamentos quase sempre
semelhantes.
Como duas sementes livres,
independentes e criativas
idealizam e improvisam ideias
inovadoras em artes
mas algumas aventuras não vividas e
desenraizadas
conduzem aos impulsos numa terra
desconhecida.
E quando se detém a vontade o desgaste
surge
o desinteresse clama pela flor da
reconquista
em meio às competições do amor
entre as fantasias e a espiritualidade.
Semeados entre a razão e a
paixão
chamados ao cuidado pelo carinho
só resta regar sensível com a bondade
com o intuito na leveza da fascinação.
671 - Bilhete ao meu amor.
Meu amor.
A política neoliberal capitalista e
negacionista, agora da extrema-direita,
em detrimento da arte literária do/a
autor/a independente,
como linhas paralelas desencontradas,
enfada e exauri o ser da pessoa
que busca na leitura e na escrita
uma prática para a liberdade e a
emancipação humana.
Tem ser humano que faz questão de
mostrar-se que é um animal.
Já os animais demonstram-se que são
mais humanos.
São mais amorosos
O livro é um caminho, uma semente de
infinitas ideias.
A leitura possibilita interpretar
melhor o mundo.
Continuarei escrevendo poesias.
Como poeta sinto a dor do mundo.
Não desisto de mim.
Avante! A luta não tem fim.
***
Dezembro de 2024
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